Política
Decisão de não punir Pazuello destoa de histórico de punições no Exército
A decisão militar que livrou o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello de punição pelo Exército, após ter participado de ato em apoio ao presidente Jair Bolsonaro no Rio, não se limita ao fato de contrariar normas militares. A atitude em relação ao general da ativa também destoa do desfecho ocorrido em diversos processos administrativos abertos pelo comando das Forças Armadas para apurar transgressões de natureza político-partidária.
Fora o caso do próprio presidente Jair Bolsonaro, que chegou a ser preso na década de 1980, quando era capitão de artilharia, após publicar um artigo na revista Veja em protesto contra o salário das tropas, há registros de pelo menos outros três oficiais punidos por manifestações políticas desde 2013.
O caso mais recente é o do terceiro sargento da Marinha Michel Uchiha. Em março, ele foi colocado em prisão disciplinar na Escola Naval do Rio de Janeiro, após ter sido alvo de duas sindicâncias internas na instituição, por críticas a Bolsonaro nas redes sociais durante a campanha eleitoral do ano passado. A detenção só foi revogada por um habeas corpus expedido pela Justiça Federal.
As apurações foram abertas a partir de publicações atribuídas a Uchiha sobre os R$ 89 mil em cheques depositados pelo ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz – pivô da investigação das rachadinhas envolvendo o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), – e pela mulher dele, Márcia Aguiar, na conta da primeira-dama Michelle Bolsonaro. O tenente nega que as postagens sejam autênticas.
Em 2019, mesmo estando na reserva do Exército, o coronel Marcelo Pimentel Jorge de Souza também recebeu punição por publicações nas redes sociais. Ativo no Twitter, suas postagens acusaram a bolsonarização das tropas. “Amanhã, todo militar na ATIVA poderá ir em manifestações CONTRA o Gov, subir no palanque e gritar “FORA BOLSONARO”!, escreveu o coronel após a decisão sobre Pazuello.
Outro caso recente é o do ex-sargento do Exército Vinícius Feliciano. Em 2013, o então militar organizou um ato simbólico contra os salários da carreira e o governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Feliciano desceu de rapel pelo vão central da Ponte Rio-Niterói, de uma altura de 40 metros, antes de ser preso por agentes da Polícia Rodoviária Federal. Também foi punido por indisciplina. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Autor: Felipe Frazão e Rayssa Motta
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