Poder e Governo

Silveira afirma que crise entre Alcolumbre e Lula será superada e destaca papel do presidente na negociação

Presidente do Senado defendia a indicação de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) ao STF e demonstrou insatisfação com a escolha de Jorge Messias

Agência O Globo - 01/12/2025
Silveira afirma que crise entre Alcolumbre e Lula será superada e destaca papel do presidente na negociação
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira - Foto: Reprodução

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou nesta segunda-feira não ter dúvidas de que a crise entre o governo federal e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), será superada. Silveira classificou a resistência à indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, para o Supremo Tribunal Federal (STF) como um desentendimento "pontual".

Ao ser questionado sobre a possibilidade de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva "entrar em campo" para resolver o impasse, Silveira destacou que a decisão sobre o momento adequado cabe exclusivamente ao chefe do Executivo.

Alcolumbre defendia a indicação do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) ao STF e ficou contrariado com a escolha de Lula por Messias. Entre aliados, a avaliação é de que apenas a articulação política tradicional do governo não será suficiente para garantir apoio a Messias, tornando necessária a atuação direta de Lula nas negociações com os senadores e com o próprio Alcolumbre.

Em meio ao clima tenso, Alcolumbre antecipou a data da sabatina antes mesmo de o Palácio do Planalto enviar oficialmente ao Congresso a indicação de Messias ao STF. A sugestão do nome foi feita no dia 20, e o envio da mensagem é o primeiro passo para formalizar a indicação presidencial à Corte.

— Eu acredito sempre no diálogo, na busca pelos problemas reais da sociedade. Dialogar para construir maioria nas casas parlamentares é extremamente natural, e qualquer estresse que seja pontual, eu tenho absoluta convicção de que será resolvido para o bem do Brasil. Quem sabe a hora de o presidente Lula entrar em qualquer discussão é o presidente Lula, que teve 60 milhões de votos no Brasil, que é o líder dessa Nação, e tem uma responsabilidade e uma experiência tremenda no trato com a coisa pública e na relação democrática com o Parlamento Nacional — afirmou Silveira, durante visita ao Senado.

Para conter a escalada da crise, a ministra Gleisi Hoffmann, da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), utilizou as redes sociais para manifestar o "mais alto respeito e reconhecimento" do governo ao presidente do Senado.

A estratégia do Palácio do Planalto, segundo aliados da ministra, é continuar buscando gestos de aproximação com os presidentes das duas Casas legislativas para reduzir a tensão.

Devido à demora no envio da mensagem oficial, o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Otto Alencar (PSD-BA), afirmou na última quarta-feira que a sabatina de Messias pode ser adiada caso o documento não chegue ao Congresso em tempo hábil.

Segundo o colunista Lauro Jardim, uma das possíveis moedas de troca que Alcolumbre pode solicitar para facilitar a aprovação de Messias no Senado seria a presidência do Banco do Brasil. Alcolumbre, porém, nega interesse em cargos.

Em nota, Alcolumbre declarou: "É nítida a tentativa de setores do Executivo de criar a falsa impressão, perante a sociedade, de que divergências entre os Poderes são resolvidas por ajuste de interesse fisiológico, com cargos e emendas. Isso é ofensivo não apenas ao Presidente do Congresso Nacional, mas a todo o Poder Legislativo. Causa perplexidade ao Senado que a mensagem escrita ainda não tenha sido enviada, o que parece buscar interferir indevidamente no cronograma estabelecido pela Casa, prerrogativa exclusiva do Senado Federal." Ele acrescentou que, assim como é prerrogativa do presidente da República indicar ministros ao STF, "também o é a prerrogativa do Senado de escolher, aprovando ou rejeitando o nome".