Poder e Governo

PT intensifica pressão por candidatura de Haddad em São Paulo após prisão de Bolsonaro

Lideranças petistas avaliam que ministro da Fazenda pode fortalecer palanque de Lula no maior colégio eleitoral do país

Agência O Globo - 28/11/2025
PT intensifica pressão por candidatura de Haddad em São Paulo após prisão de Bolsonaro
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT) - Foto: © Foto / Marcelo Camargo/Agência Brasil

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), voltou a ser alvo de pressão pública para disputar o governo de São Paulo nas eleições de 2026. O movimento ganhou força diante dos recentes reveses do bolsonarismo e da incerteza sobre o futuro político do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), principal nome cotado para receber o apoio de Jair Bolsonaro (PL) na corrida presidencial do próximo ano.

Nesta quarta-feira (28), o deputado federal Kiko Celeguim, presidente estadual do PT em São Paulo, afirmou em entrevista ao site “Platô BR” que Haddad estará nas urnas em 2026. Celeguim integra a ala majoritária do partido. Apesar disso, Haddad nega publicamente qualquer intenção de concorrer, condicionando sua decisão a conversas com o presidente Lula. O ministro poderia disputar tanto o governo paulista quanto o Senado, enfrentando nomes bolsonaristas como Guilherme Derrite (PP) e Marco Feliciano (PL).

Entre os fatores que alimentam a expectativa de uma candidatura está o aumento da exposição pública de Haddad. Ele foi um dos principais beneficiados politicamente pela aprovação da isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil, sancionada por Lula. Além disso, Haddad tem protagonizado debates sobre a taxação dos super-ricos e feito críticas diretas a Tarcísio de Freitas, acusando o governador de agir para “proteger a Faria Lima”.

A sinalização de que Haddad pode disputar as eleições já havia sido feita pelo presidente nacional do PT, Edinho Silva, em agosto, quando declarou que “não só Haddad, mas outras lideranças, terão que ter missão eleitoral”. Para correligionários paulistas, Haddad estaria “em processo de aceitar” a candidatura, e dificilmente Lula o deixaria de fora da disputa. Para concorrer, o ministro precisaria se desincompatibilizar do cargo até abril de 2026, conforme determina a legislação eleitoral.

Edinho Silva e Kiko Celeguim não atenderam aos pedidos de entrevista do jornal O Globo. Outros líderes do partido, como o deputado federal Rui Falcão, manifestaram apoio à eventual candidatura de Haddad, destacando a importância de um palanque forte em São Paulo, mas negam que haja definição. “Se ele quiser”, afirmou Falcão, ex-presidente do PT, “acho que seu nome seria aprovado pelo partido e por aliados”.

O ministro do Empreendedorismo, Márcio França (PSB), relatou ter conversado com Haddad antes de pleitear uma candidatura ao governo paulista em aliança com o PT e afirmou que, até o momento, nada mudou. França avalia que a melhora na avaliação do governo Lula e as dificuldades enfrentadas pelo bolsonarismo reacendem as candidaturas de aliados do presidente, como a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede), além de Haddad.

— É um ótimo nome para o Senado, mas ele não quer — reforçou França.

Em longa entrevista ao canal GloboNews, Haddad declarou já ter “respondido milhões de vezes” à mesma pergunta e reiterou não ter intenção de deixar o Ministério da Fazenda em abril para concorrer nas eleições. A assessoria do ministro enviou o trecho da entrevista quando questionada sobre as declarações do presidente estadual do PT.

— Obviamente, se o presidente me pedir, vou ficar até o final do mandato, evidentemente. Mas é algo que é prerrogativa dele. Não está no meu horizonte concorrer nas eleições do ano que vem — afirmou Haddad.