Poder e Governo

Em meio a crise com o Planalto, Alcolumbre defende análise de vetos ao licenciamento ambiental

Presidente do Congresso afirma que votação é 'necessidade institucional' e reforça acordo com líder do governo; sessão também analisa vetos ao Propag

Agência O Globo - 27/11/2025
Em meio a crise com o Planalto, Alcolumbre defende análise de vetos ao licenciamento ambiental
- Foto: Carlos Moura/Agência Senado

O presidente do Senado e do Congresso Nacional, Davi Alcolumbre (União-AP), afirmou nesta quinta-feira que a decisão de pautar o veto ao projeto de licenciamento ambiental segue um acordo firmado com as lideranças e não representa um gesto político contra o governo Luiz Inácio Lula da Silva. A declaração ocorre em meio a um clima de forte desgaste entre o Planalto e o Legislativo, poucas horas após o governo divulgar nota alertando para riscos de “desastres climáticos” caso os vetos sejam derrubados.

A sessão conjunta do Congresso analisa nesta quinta-feira os vetos ao Propag, programa de renegociação das dívidas dos estados, além dos vetos do presidente Lula ao projeto de licenciamento ambiental, que têm grandes chances de serem derrubados. Na noite de quarta-feira, o Planalto defendeu a manutenção dos vetos para evitar retrocessos ambientais e preservar a imagem do país após a COP realizada em Belém.

Alcolumbre rebateu em plenário as críticas de que teria pautado o tema para pressionar o Executivo:

— O Parlamento não pode se furtar às suas responsabilidades constitucionais — afirmou.

Segundo o senador, houve “amplo diálogo” conduzido pela senadora Tereza Cristina (PP-MS), e o líder do governo, Randolfe Rodrigues, manifestou concordância com a votação nesta quinta-feira:

— Esse acordo foi celebrado, e o líder Randolfe manifestou a concordância do governo com a votação hoje — disse.

Alcolumbre também argumentou que a deliberação sobre o veto é necessária para destravar a agenda ambiental no Congresso:

— Votar esse veto é fundamental para estabilizar o marco legal — ressaltou.

A temperatura política, porém, é desfavorável ao governo. Na quarta-feira, tanto Alcolumbre quanto o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), se ausentaram da cerimônia de sanção da ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda — ato interpretado no Planalto como sinal de distanciamento. Irritado com a indicação de Jorge Messias ao STF, Alcolumbre tem elevado a pressão sobre o Executivo e resistido à articulação do governo em temas sensíveis.