A Superintendência da Polícia Federal (PF) em Brasília não abriga apenas o ex-presidente Jair Bolsonaro, preso no último sábado. Outros detentos também permanecem no complexo, porém em áreas distintas. Bolsonaro ocupa uma sala de cerca de 12 metros quadrados, equipada com cama de solteiro, ar-condicionado e frigobar.

O espaço foi especialmente preparado para receber o ex-mandatário. Ele tem direito a duas horas diárias de banho de sol, com o horário ajustado conforme recomendações médicas, já que recentemente passou por procedimentos para retirada de lesões de câncer de pele. Durante esse período, permanece sozinho, acompanhado apenas por um policial federal, com quem costuma conversar.

A superintendência recebe rotineiramente outros detentos sob custódia temporária, que permanecem ali por períodos curtos antes de serem transferidos para unidades do sistema prisional do Distrito Federal.

Entre os casos recentes está o do ex-presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Alessandro Stefanutto, detido em operação da PF que investiga descontos indevidos em aposentadorias e pensões. Ele ficou alguns dias na superintendência antes de ser encaminhado ao Complexo Penitenciário da Papuda.

O local também já recebeu o empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, apontado pela PF como figura central no esquema de descontos indevidos. Ele também passou pelo procedimento de custódia provisória antes da transferência.

Na última terça-feira, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou o trânsito em julgado da ação penal que condenou Bolsonaro a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe de Estado após a derrota eleitoral de 2022, encerrando a possibilidade de recursos.

Moraes determinou que Bolsonaro iniciasse o cumprimento da pena na superintendência da PF. Também foram presos ex-integrantes da cúpula das Forças Armadas envolvidos na ofensiva golpista, como os ex-ministros Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Paulo Sérgio Nogueira (Defesa) e o ex-comandante da Marinha, Almir Garnier.

Os dois primeiros estão detidos no Comando Militar do Planalto, enquanto Garnier foi transferido para a Estação Rádio da Marinha, conhecida como “fortaleza” da Força, localizada na rodovia DF-001, em Santa Maria, a cerca de 30 quilômetros do centro de Brasília. O ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, está preso no 19º Batalhão da Polícia Militar do Distrito Federal, dentro do Complexo Penitenciário da Papuda, local conhecido como "Papudinha".

Segurança reforçada

Desde a prisão de Bolsonaro, a PF ampliou o esquema de segurança no prédio da superintendência. O protocolo inclui vigilância permanente da sala especial ocupada por Bolsonaro, uso de arma anti-drone, checagem rigorosa das refeições e equipes de prontidão para reagir a movimentações atípicas de apoiadores.

Uma das medidas adotadas foi o controle rigoroso de acesso ao local. Apenas servidores e visitantes previamente autorizados podem entrar, mediante checagem individual do motivo da visita e registro do destino exato. O objetivo é impedir a aproximação de curiosos ou funcionários sem vínculo direto com a custódia.

As visitas a Bolsonaro passam por revista eletrônica antes de acessar a área restrita. Até o momento, ele recebeu a visita da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e dos filhos, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o vereador Carlos Bolsonaro (PL).