Desde a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro, no último sábado, a Polícia Federal intensificou o esquema de segurança na Superintendência Regional em Brasília, onde ele permanece custodiado. O protocolo inclui vigilância permanente na sala especial ocupada por Bolsonaro, uso de arma antidrone, inspeção rigorosa das refeições e equipes de prontidão para responder a qualquer movimentação atípica de apoiadores.

Entenda o caso:

Prisão:

Bolsonaro estava sob prisão preventiva na superintendência, mas, na última terça-feira, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que ele permaneça preso no local para cumprir a pena de 27 anos e três meses imposta pela Corte, em decorrência da tentativa de golpe de Estado após a derrota eleitoral em 2022.

De acordo com fontes ligadas ao monitoramento, não há, até o momento, identificação de ameaça concreta, risco de resgate ou plano de fuga. A avaliação da PF é que a custódia segue dentro da normalidade, mas o reforço foi intensificado devido à repercussão política do caso e ao fato de se tratar da prisão de um ex-presidente da República.

Entre as medidas adotadas, destaca-se o controle rigoroso de acesso à superintendência. Apenas servidores e visitantes previamente autorizados podem entrar no prédio, passando por checagem individual do motivo da presença e registro do destino exato. O objetivo é impedir a aproximação de curiosos ou de funcionários sem vínculo direto com a custódia.

No protocolo, as visitas a Bolsonaro passam por revista eletrônica antes de acessar a área restrita. Até o momento, ele recebeu a visita da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e dos filhos, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o vereador Carlos Bolsonaro (PL).

Um ofício da Associação dos Servidores da Polícia Federal, enviado ao superintendente e datado de 24 de novembro de 2025, confirma que o esquema especial alterou a rotina interna. O documento informa que todas as atividades noturnas, de fins de semana e feriados no Centro de Treinamento e Lazer (CTL) foram suspensas até 7 de dezembro, “em caráter provisório”, para auxiliar nas medidas de segurança. O texto ainda determina que os usuários do CTL devem acessar o complexo exclusivamente pela guarita principal, das 8h às 18h, enquanto vigorar o protocolo.

Localizado nos fundos da superintendência, o centro oferece cursos e atividades como natação, futebol e yoga para servidores da PF.

No corredor que dá acesso ao espaço onde Bolsonaro recebe seus advogados, a PF instalou uma película de privacidade para impedir que ele seja visto ou fotografado durante deslocamentos internos ou nos horários de visita.

O setor de inteligência monitora redes sociais, grupos de apoiadores e qualquer movimentação de caravanas que tentem se aproximar da superintendência. No perímetro externo, uma arma antidrone permanece posicionada para neutralizar eventuais equipamentos aéreos não autorizados.

As refeições entregues ao ex-presidente passam por checagem prévia, medida considerada padrão em custódias sensíveis. O objetivo é descartar riscos de contaminação, sabotagem ou ingresso de objetos proibidos.

Além disso, equipes da PF permanecem de prontidão 24 horas por dia no entorno da cela e no perímetro externo, preparadas para reagir rapidamente a tumultos, tentativas de invasão ou qualquer outro incidente fora do padrão.

Mudança na rotina

Servidores relataram mudanças na rotina com a presença do ex-presidente, incluindo alteração de procedimentos internos. A avaliação é que as mudanças visam garantir a continuidade dos trabalhos com o menor impacto possível. Todos os serviços já prestados no local, como o controle de armas e produtos químicos, foram mantidos, mas com ajustes de circulação e acesso às áreas restritas.