Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva consideram uma armadilha a decisão do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), de agendar a sabatina de Jorge Messias na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para o dia 10 de dezembro.

Na prática, o indicado ao Supremo Tribunal Federal terá apenas duas semanas para dialogar com os 81 senadores e se preparar para o escrutínio na comissão, etapa que antecede a votação no plenário. Para ser aprovado, Messias precisa conquistar ao menos 41 votos.

O calendário foi classificado como "dramático" por pessoas próximas ao presidente Lula e ao ministro Jorge Messias. O advogado-geral da União pretende procurar individualmente todos os senadores, mas o curto espaço de tempo para essas conversas preocupa o governo.

Nesta terça-feira, Messias circulou pelo Senado em busca de apoio, contando com a articulação de aliados como o ministro André Mendonça e o líder do governo no Senado, Jaques Wagner.

Entre os aliados, a avaliação é que apenas a articulação política tradicional não será suficiente para garantir a aprovação do nome de Messias. Consideram necessário que o próprio presidente Lula atue diretamente, sensibilizando senadores e dialogando com Davi Alcolumbre sobre o tema.

Jaques Wagner admitiu a necessidade desse movimento na segunda-feira:

— O presidente está fora (na segunda-feira Lula estava em viagem à África), talvez entre pra conversar com senadores. É um trabalho a ser feito. Nunca foi muito fácil eleição, muita gente foi aprovada com 46, 47, 45 votos, nunca há uma folga — afirmou em entrevista à Globo News.

Em meio à tensão com o governo, Alcolumbre marcou a sabatina de Messias na CCJ antes mesmo de o Palácio do Planalto enviar a mensagem oficial ao Congresso Nacional com a indicação para o STF.

Jorge Messias foi indicado para a vaga no Supremo na última quinta-feira, dia 20, e o envio da mensagem é o primeiro passo para formalizar a indicação presidencial.

A Secretaria de Assuntos Jurídicos (SAJ) da Casa Civil está preparando a documentação, seguindo normas do Regimento Interno do Senado, que estabelece os procedimentos para indicação de autoridades.

A sabatina foi marcada sem que Alcolumbre e Messias tenham conversado após a indicação. O presidente do Senado não respondeu às tentativas de contato do advogado-geral da União, que busca uma aproximação institucional com o comando da Casa. A relação entre ambos foi abalada pela escolha de Lula, já que Alcolumbre defendia o nome de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para a vaga e demonstrou incômodo com o desfecho.