Poder e Governo
PL discute estratégias após prisão de Bolsonaro em reunião com Michelle e filhos
Oposição debate avanço da dosimetria e possibilidade de destaque para retomar anistia; familiares e aliados próximos participam do encontro
O Partido Liberal (PL) realiza nesta segunda-feira, em Brasília, uma reunião estratégica para definir os próximos passos da oposição após a prisão preventiva de Jair Bolsonaro. Convocado para a sede do partido, o encontro reúne Michelle Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro, os vereadores Carlos Bolsonaro e Jair Renan, além de Eduardo Torres, irmão de Michelle. A formação reforça o esforço da família em ocupar o espaço deixado pelo ex-presidente e retomar o protagonismo na articulação política do bolsonarismo.
A participação do núcleo familiar nas decisões é interpretada por parlamentares como uma tentativa de unificar o discurso interno, diante da disputa por liderança desde o último sábado. Aliados avaliam que o papel de porta-voz do grupo deve ser assumido por Michelle ou Flávio Bolsonaro.
Na pauta, dirigentes e deputados discutem a possibilidade de apoiar o avanço do projeto de dosimetria relatado por Paulinho da Força (Solidariedade-SP), que prevê a redução de penas para condenados pelos atos de 8 de janeiro. A avaliação inicial de parte da bancada é que a adesão pode ser necessária para evitar que o tema seja arquivado.
Também está em debate a apresentação de um destaque para tentar retomar a proposta de anistia, embora a estratégia possa naufragar no plenário devido ao baixo quórum — atualmente, a bancada conta com pouco mais de 90 deputados.
A movimentação ocorre mesmo diante da resistência de partidos do Centrão. Lideranças de PP, União Brasil, Republicanos, PSD e MDB afirmam que não há ambiente político para votar medidas relacionadas aos atos antidemocráticos, especialmente após a prisão de Bolsonaro. Dirigentes dessas legendas avaliam que a pauta não reúne "condições mínimas" para avançar e pode ser interpretada como um confronto ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Ainda assim, aliados de Bolsonaro passaram a admitir — sob reserva — que a dosimetria pode ser a única forma de manter o tema em debate, em contraste com a postura da semana anterior, quando o PL tratava a anistia ampla como única alternativa. Para parte da bancada, calibrar as penas seria uma estratégia de sobrevivência política: evita o arquivamento definitivo do tema e demonstra reação pública diante da prisão do ex-presidente, detido desde sábado.
A ala mais radical, no entanto, mantém a pressão pelo perdão total. Desde o fim de semana, parlamentares têm cobrado o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para pautar a anistia. O líder da oposição, Tenente Zucco (PL-RS), confirmou ter feito o pedido diretamente ao presidente da Casa.
As articulações desta segunda-feira devem preparar o terreno para a reunião de líderes marcada para terça, considerada o primeiro teste concreto do impacto político da prisão de Bolsonaro e da capacidade do PL de reorganizar sua atuação no Congresso.
Hugo Motta não se manifestou publicamente sobre o tema. Interlocutores afirmam que ele só colocará o projeto em votação caso haja consenso no Colégio de Líderes, o que não ocorreu nas últimas semanas, quando o assunto permaneceu fora da pauta.
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