Poder e Governo
Centrão vê imagem de Bolsonaro fragilizada, mas evita trabalhar por sucessor sem endosso do ex-presidente
Grupo avalia que, mesmo após prisão, aval de Bolsonaro será necessário. Caciques têm preferência por Tarcísio para 2026
Caciques do Centrão adotaram um tom de cautela nas primeiras horas após a prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro, levado no sábado para uma sala na Superintendência da Polícia Federal em Brasília. A avaliação de integrantes do grupo é que o episódio envolvendo a violação da tornozeleira eletrônica, justificada pelo ex-presidente por “alucinações” causadas por medicamentos, acabou por fragilizá-lo, mas que seu papel na definição do candidato da direita nas eleições de 2026 ainda será relevante.
Comida de casa, pão com ovo e visitas:
'Lógico que que não ia ficar no Brasil':
As manifestações de apoio a Bolsonaro publicadas ainda no sábado pelo deputado Arthur Lira (PP-AL), ex-presidente da Câmara e um dos parlamentares mais influentes do Centrão, e do presidente do PSD, Gilberto Kassab, foram interpretadas nos bastidores como senha de que o grupo não deve abandonar o ex-mandatário. Além de PP e PSD, formam o “consórcio” do Centrão o União Brasil, o Republicanos e parte do MDB.
Um importante dirigente de uma das siglas do Centrão afirma que a ordem é aguardar o endosso de Bolsonaro a um nome que una a direita, condição vista como necessária para fazer frente à tentativa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de se reeleger. Para ele, a prisão preventiva não mudou o cenário, uma vez que o ex-presidente já sofria com as restrições impostas pela prisão domiciliar. No domingo, o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF, autorizou visitas de familiares duas vezes por semana. Os encontros com aliados, antes permitidos, porém, estão restritos.
Mesmo assim, a ideia de integrantes do Centrão agora é esperar a situação jurídica e de saúde do ex-presidente se estabilizar para definir os próximos passos. A avaliação no bloco é que qualquer articulação feita sem sua bênção criaria ruído desnecessário, poderia ser lida como traição e ainda reforçaria tensões com a base mais radical da direita.
Bolsonaro foi preso preventivamente no sábado, mas aliados esperam que nos próximos dias ele comece a cumprir a pena pela condenação a 27 anos por crimes relacionados a uma tentativa de golpe no país.
A preferência de caciques do bloco é que, mesmo preso, Bolsonaro indique seu ex-ministro e atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), como seu candidato à Presidência em 2026. O gesto é visto como forma de unir a direita e evitar disserções que possam dividir os votos de eleitores bolsonaristas. Familiares do ex-presidente, como os filhos Flávio e Eduardo Bolsonaro, porém, resistem e tentam se cacifar para serem o sucessor político do pai.
Violação de aparelho
O episódio da tornozeleira eletrônica, contudo, é visto como ponto de desgaste. Nos bastidores, lideranças do Centrão afirmam que a admissão do ex-presidente de que tentou danificar o equipamento enfraquece o discurso de perseguição política sustentada por aliados. Um argumento usado é que provocar uma avaria no aparelho de monitoramento faria qualquer outra pessoa ser levada à prisão.
Governadores de direita que chegaram a prestar solidariedade a Bolsonaro durante a manhã de sábado, após a prisão, silenciaram após a publicação do vídeo em que o ex-presidente admite violar a tornozeleira eletrônica, que só foi divulgado na tarde do mesmo dia.
Cláudio Castro (PL), Jorginho Mello (PL), Ratinho Jr. (PSD), Romeu Zema (Novo), Ronaldo Caiado (União Brasil) e Tarcísio de Freitas (Republicanos) fizeram publicações durante a manhã de apoio a Bolsonaro, mas se eximiram de fazer novos comentários a respeito do caso nas redes sociais depois da veiculação do vídeo.
Quem disputa o espólio
Tarcísio de Freitas - Filiado ao Republicados e ex-ministro de Bolsonaro, o governador de São Paulo é a principal aposta dos partidos do Centrão para a disputa de 2026. Tido como o mais bem posicionado para herdar o eleitorado do ex-presidente, Tarcísio ainda avalia concorrer à reeleição.
Outros governadores - O apoio de Bolsonaro também é disputado por outros governadores do campo. São eles o de Goiás, Ronaldo Caiado (União), de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e do Paraná, Ratinho Jr. (PSD). O grupo aparece em patamar mais baixo nas pesquisas.
Clã Bolsonaro - Em outra frente, a família do ex-presidente não descarta lançar um dos integrantes do clã na corrida. Os nomes da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) já foram cogitados.
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