Poder e Governo

Direita e esquerda ocupam Avenida Paulista após prisão de Bolsonaro

Grupos se reúnem em diferentes pontos da via para comemorar ou protestar contra a detenção do ex-presidente

Agência O Globo - 23/11/2025
Direita e esquerda ocupam Avenida Paulista após prisão de Bolsonaro
- Foto: Reprodução / Agência Brasil

Manifestantes ocuparam a Avenida Paulista, em São Paulo, na tarde deste domingo (23), após a prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O movimento reuniu grupos de diferentes espectros políticos, que se concentraram em pontos distintos da via.

Convocado por organizações de esquerda, o ato em comemoração à prisão ocorreu nas proximidades do Museu de Arte de São Paulo (Masp). Manifestantes formaram uma roda de samba e exibiram um boneco inflável gigante de Bolsonaro caracterizado como presidiário. A Paulista, excepcionalmente, estava aberta ao tráfego de veículos por conta da realização de provas da Fuvest.

Em paralelo, do outro lado da avenida, manifestantes ligados ao partido Novo organizaram um protesto contra o governo Lula (PT). Eles também levaram um boneco inflável, desta vez representando Lula com traje de presidiário. Embora discordassem da forma como ocorreu a prisão de Bolsonaro, os manifestantes de direita afirmaram que o protesto não foi motivado diretamente pela detenção do ex-presidente.

Mais adiante, nas proximidades da sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), um terceiro grupo de apoiadores de Bolsonaro realizou um ato pedindo anistia para o ex-presidente e para outros integrantes da direita presos pelos eventos de 8 de janeiro.

Prisão de Bolsonaro

Jair Bolsonaro foi preso preventivamente na manhã de sábado (22) pela Polícia Federal, por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A decisão considerou risco de fuga e o descumprimento das condições da prisão domiciliar. Segundo o STF, Bolsonaro admitiu ter utilizado um ferro de solda para tentar violar a tornozeleira eletrônica que usava como medida cautelar.

A prisão preventiva não está relacionada à condenação pela tentativa de golpe de Estado. Nesse caso, o processo ainda não transitou em julgado, e há prazo para recursos.

O despacho de Moraes aponta que a tornozeleira foi violada pouco depois da meia-noite de sábado. O documento também cita uma vigília convocada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) para a porta do condomínio onde o ex-presidente reside.

Em audiência de custódia realizada neste domingo (23), o STF manteve a prisão preventiva. Bolsonaro afirmou, durante o procedimento, ter passado por uma espécie de "alucinação" possivelmente causada por medicamentos, e negou intenção de fuga.

A audiência foi conduzida por videoconferência na Superintendência Regional da Polícia Federal no Distrito Federal, para onde Bolsonaro foi levado após a prisão. O procedimento foi presidido por um juiz auxiliar do gabinete do ministro Alexandre de Moraes.

"O depoente afirmou que estava com 'alucinação' de que tinha alguma escuta na tornozeleira, tentando então abrir a tampa", registra a ata da audiência.