Poder e Governo

Bolsonaro apresentou quadro de confusão mental e alucinações, possivelmente induzido por medicamentos, aponta boletim médico

Ex-presidente teve prisão preventiva decretada na manhã de sábado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF

Agência O Globo - 23/11/2025
Bolsonaro apresentou quadro de confusão mental e alucinações, possivelmente induzido por medicamentos, aponta boletim médico
O ex-presidente Jair Messias Bolsonaro - Foto: Reprodução

Jair Bolsonaro apresentou um quadro de "confusão mental e alucinações" na noite de sexta-feira, conforme informado em seu boletim médico. O ex-presidente teve a prisão preventiva decretada na manhã de sábado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que destacou, em sua decisão, o risco de fuga e a tentativa de violação da tornozeleira eletrônica.

A decisão de Moraes atendeu a um pedido da Polícia Federal, com respaldo da Procuradoria-Geral da República. Segundo o ministro, houve tentativa de violação da tornozeleira eletrônica às 0h08 de sábado, além do "elevado risco de fuga" diante da mobilização de apoiadores em frente à residência de Bolsonaro, ato convocado por seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

Antes de ser transferido para uma sala de 12 metros quadrados na Superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal, Bolsonaro já cumpria prisão domiciliar preventiva desde 4 de agosto, devido ao descumprimento de medidas cautelares impostas por Moraes. Em setembro, a Primeira Turma do STF condenou o ex-presidente a 27 anos e três meses de prisão por crimes contra a democracia, incluindo golpe de Estado e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito. Na semana passada, o STF rejeitou recurso apresentado pela defesa, o que já indicava a possibilidade de início do cumprimento da pena em regime fechado nos próximos dias.

Neste domingo, durante audiência de custódia no STF, Bolsonaro relatou ter tido alucinações de que havia uma escuta em sua tornozeleira eletrônica, além de uma "certa paranoia", fatores que o levaram a danificar o equipamento com um ferro de solda. O ex-presidente afirmou ter agido sozinho e que o equipamento utilizado já estava em sua residência. Ao final do depoimento, a prisão preventiva foi mantida.

"O depoente afirmou que estava com 'alucinação' de que tinha alguma escuta na tornozeleira, tentando então abrir a tampa", registra a ata da audiência, que teve duração de meia hora neste domingo.

Ainda na madrugada de sábado, quando agentes estiveram em sua casa após o alerta de dano à tornozeleira, Bolsonaro já havia admitido o uso do ferro de solda para tentar danificar o equipamento, fato que fundamentou a ordem de prisão expedida por Moraes.