Poder e Governo

Malafaia afirma que prisão de Bolsonaro é 'cortina de fumaça' para caso Banco Master e critica decisão de Moraes

Para o líder religioso, a convocação de uma vigília não poderia ser considerada indício de risco de fuga do ex-presidente

Agência O Globo - 22/11/2025
Malafaia afirma que prisão de Bolsonaro é 'cortina de fumaça' para caso Banco Master e critica decisão de Moraes
O pastor Silas Malafaia - Foto: Reprodução

O pastor Silas Malafaia criticou neste sábado a prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O líder religioso classificou o argumento apresentado na decisão como "conversa fiada" e afirmou ao GLOBO que considerar a possibilidade de fuga de Bolsonaro é um absurdo. Segundo Malafaia, a medida seria apenas uma “cortina de fumaça” para desviar a atenção do escândalo envolvendo o Banco Master.

— A prisão preventiva é uma cortina de fumaça do (ministro) Alexandre de Moraes para desviar a atenção do Banco Master, da roubalheira de R$ 12 bilhões, que tem um monte de gente grande envolvida. O despacho do motivo da prisão de Bolsonaro nem fala de tornozeleira. É um despacho sobre uma manifestação do Flávio, uma vigília de oração. Onde está na Constituição que é proibido convocar uma manifestação pacífica? — declarou o pastor, classificando a decisão como "covardia".

O escândalo do Banco Master resultou na prisão de Daniel Vorcaro, presidente da instituição, no início desta semana. De acordo com informações da Polícia Federal, o Master teria vendido carteiras de crédito falsas ao BRB, em uma fraude estimada em R$ 12,2 bilhões. Na prática, o banco brasiliense pagou por créditos pelos quais não teria retorno.

O ex-presidente Jair Bolsonaro foi preso preventivamente na manhã deste sábado. A decisão foi tomada após Moraes considerar haver risco de fuga e avaliar que não havia mais condições para manter a prisão domiciliar.

A medida cautelar não está relacionada à execução da condenação pela tentativa de golpe de Estado. Nesse caso, a decisão ainda não transitou em julgado, e ainda há prazo para apresentação de recursos.

Na decisão, Moraes afirma que a tornozeleira eletrônica utilizada por Bolsonaro foi violada pouco depois da meia-noite deste sábado. O despacho também menciona uma vigília convocada para esta noite pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), em frente ao condomínio onde o ex-presidente reside.

“O Centro de Integração de Monitoração Integrada do Distrito Federal comunicou a esta Suprema Corte a ocorrência de violação do equipamento de monitoramento eletrônico do réu Jair Messias Bolsonaro, às 0h08min do dia 22/11/2025.”

“A informação constata a intenção do condenado de romper a tornozeleira eletrônica para garantir êxito em sua fuga, facilitada pela confusão causada pela manifestação convocada por seu filho”, escreveu Moraes.

O ministro também pontuou que, "embora a convocação de manifestantes esteja disfarçada de ‘vigília’", a conduta remete ao mesmo "modus operandi da organização criminosa liderada pelo referido réu, no sentido da utilização de manifestações populares com o objetivo de conseguir vantagens pessoais".

"O tumulto causado pela reunião ilícita de apoiadores do réu condenado tem alta possibilidade de colocar em risco a prisão domiciliar imposta e a efetividade das medidas cautelares, facilitando eventual tentativa de fuga", afirmou Moraes.

O ministro determinou ainda que a ordem fosse cumprida "com todo respeito à dignidade" de Bolsonaro, "sem a utilização de algemas e sem qualquer exposição midiática". Mais tarde, rejeitou o pedido da defesa para converter a prisão em domiciliar "humanitária".