Poder e Governo
Alcolumbre demonstra insatisfação com indicação de Messias ao STF por Lula
Presidente do Senado preferia Rodrigo Pacheco, não foi consultado por Lula e aliados afirmam que ele não apoiará o indicado ao Supremo
A indicação de Jorge Messias ao Supremo Tribunal Federal (STF) aprofundou o mal-estar entre o Palácio do Planalto e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). De acordo com aliados, Alcolumbre não foi consultado por Lula antes da decisão — formalizada nesta quinta-feira — e já demonstrava incômodo com a condução do processo. Seu preferido, assim como o da maioria dos senadores, era o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), com quem Lula se reuniu no início da semana antes de definir o nome de Messias.
A escolha do advogado-geral da União é vista como um gesto de confiança pessoal do presidente e uma sinalização ao eleitorado evangélico, mas contraria a preferência explícita do Senado. Desde segunda-feira, quando Lula comunicou a Pacheco que seguiria “outro caminho” para a vaga, parlamentares de centro e oposição procuraram Alcolumbre para manifestar desconforto. Segundo relatos, o grupo questionou o fato de o Senado estar sendo tratado “como etapa final de uma decisão já tomada” e criticou a exposição pública de articulações tradicionalmente conduzidas de forma reservada.
Aliados afirmam que Alcolumbre não pretende apoiar Messias, não trabalhará por sua aprovação e não votará no indicado. A insatisfação também foi alimentada pela atuação do líder do governo, Jaques Wagner (PT-BA), acusado por senadores de ter “se movimentado demais” em favor do nome de Messias, contrariando o sentimento predominante no plenário. Procurado, Alcolumbre não se manifestou.
O cenário torna a sabatina de Messias na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) mais sensível que o habitual. Caberá ao colegiado avaliar o indicado antes da votação final no plenário, onde são necessários ao menos 41 votos para aprovação. A tendência é que Messias inicie, já nos próximos dias, uma rodada intensa de conversas com senadores, em um ambiente descrito por aliados de Alcolumbre como “muito ruim” e “o mais tenso deste mandato” na relação entre governo e Senado.
A recondução de Paulo Gonet para a Procuradoria-Geral da República, aprovada por apenas 45 votos — contra 65 no ano anterior — acendeu o primeiro alerta no Planalto de que o Senado havia mudado de postura. O resultado foi interpretado internamente como um gesto deliberado de descontentamento. Para líderes da Casa, a queda expressiva no placar evidenciou que o ambiente político está mais tenso, que o governo não conta mais com margem automática para aprovações e que parte dos senadores busca marcar posição pública após semanas de desgaste com a articulação do Executivo. A avaliação geral é que o Senado deixou de atuar como “colchão de segurança” do governo Lula.
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