Poder e Governo
CPI do Crime Organizado inicia fase de depoimentos com diretores da PF
Audiências com Andrei Rodrigues, Leandro Almada e Glautter Morais marcam etapa decisiva das investigações
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Crime Organizado no Senado inicia, nesta semana, a etapa de depoimentos de autoridades da alta cúpula da segurança pública — uma fase considerada crucial para o avanço das investigações.
Nesta terça-feira, o colegiado ouvirá o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, e o diretor de Inteligência Policial da PF, Leandro Almada.
Na quarta-feira, será a vez do diretor de Inteligência Penal da Senappen, Antônio Glautter de Azevedo Morais, e do promotor Lincoln Gakiya, reconhecido nacionalmente pelo enfrentamento ao Primeiro Comando da Capital (PCC).
As audiências acontecem em meio à intensificação da disputa entre governo e oposição em torno da pauta da segurança pública e da tramitação do projeto Antifacção — proposta do Executivo que visa endurecer o combate às facções criminosas e que já sofreu alterações significativas na Câmara dos Deputados.
O relator da CPI, senador Alessandro Vieira (MDB-SE), pretende utilizar os depoimentos para identificar falhas de integração entre o sistema prisional, as forças policiais e os órgãos de inteligência, além de atualizar o diagnóstico sobre a expansão territorial e financeira das organizações criminosas.
A presença de Rodrigues e Almada deve levantar questionamentos sobre o trabalho da Polícia Federal em cooperação com estados, especialmente após a megaoperação realizada no Rio de Janeiro, no fim de outubro, que resultou em 121 mortes nos complexos do Alemão e da Penha.
Na oitiva de Gakiya, os senadores pretendem detalhar a atuação do PCC fora dos presídios, o uso de fintechs para lavagem de dinheiro e a infiltração de facções em setores legais da economia.
Instalada no início de novembro, a CPI dividiu os trabalhos em nove eixos, incluindo lavagem de dinheiro, controle de fronteiras, crimes digitais, ocupação territorial e corrupção.
O plano de trabalho prevê ainda a convocação de governadores como Cláudio Castro (PL-RJ), Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e Jerônimo Rodrigues (PT-BA), além dos ministros Ricardo Lewandowski (Justiça) e José Múcio (Defesa).
Integrantes do governo defendem que a CPI mantenha um foco técnico e não se torne palco para disputas eleitorais, enquanto a oposição busca associar o Planalto à suposta ineficiência do Estado no combate às facções.
O colegiado tem prazo de 120 dias para apresentar o relatório final, com previsão de divulgação de um parecer preliminar já em janeiro.
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