Poder e Governo

De volta a Brasília, Lula enfrenta definição sobre sucessor de Barroso e sanção da isenção do IR

Presidente retoma despachos no Planalto nesta semana com expectativa pela escolha do novo ministro do STF e pela sanção do projeto que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda

Agência O Globo - 10/11/2025
De volta a Brasília, Lula enfrenta definição sobre sucessor de Barroso e sanção da isenção do IR

Após uma semana dedicada à agenda internacional, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva retorna ao Palácio do Planalto com duas decisões estratégicas: definir o sucessor de Luís Roberto Barroso no Supremo Tribunal Federal (STF) e sancionar o novo Imposto de Renda, aprovado pelo Congresso na última quinta-feira. Ambas devem influenciar o relacionamento do Executivo com o Senado nas próximas semanas, servindo como termômetro da força política do governo no encerramento do ano legislativo.

Entre assessores, a expectativa é de que Lula confirme ainda nesta semana a indicação de Jorge Messias, atual advogado-geral da União, para a vaga de Barroso, aberta desde 18 de outubro. O presidente, no entanto, ainda trabalha para consolidar a base de apoio necessária na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e no plenário do Senado, além de preservar o diálogo com Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e Davi Alcolumbre (União-AP) — dois aliados que articulam, nos bastidores, a candidatura do próprio Pacheco ao Supremo.

Lula está ciente da resistência de parte da oposição a Messias, considerado próximo ao PT, mas aposta na articulação de Jaques Wagner (PT-BA) e em apoios da bancada evangélica, onde senadores como Mecias de Jesus (Republicanos-RR) já manifestaram apoio à indicação.

Nos cálculos do Planalto, a aprovação de Messias tende a repetir o padrão da sabatina de Flávio Dino, com placar estimado entre 50 e 60 votos.

Paralelamente à articulação para o STF, Lula deve sancionar o projeto que atualiza a tabela do Imposto de Renda, ampliando a faixa de isenção para rendimentos de até R$ 5 mil mensais. A medida, aprovada por unanimidade nas duas Casas, é vista como uma vitória simbólica do governo após uma série de derrotas regimentais no Congresso. A equipe econômica, liderada por Fernando Haddad, estima impacto fiscal de cerca de R$ 18 bilhões anuais, compensado pela tributação sobre fundos exclusivos e apostas esportivas.

A cerimônia de sanção está prevista para ocorrer ainda nesta semana, no Palácio do Planalto, com a presença de Haddad, do relator no Senado, Randolfe Rodrigues (PT-AP), e de líderes da base aliada. O governo pretende transformar o ato em um gesto político de recomposição da imagem de Lula junto à classe média e reafirmação do compromisso com o discurso de “ajuste com justiça social”.

Auxiliares afirmam que Lula enxerga o projeto como a primeira entrega de impacto direto ao contribuinte desde o início do mandato e avalia que a sanção ajudará a neutralizar desgastes na pauta econômica com o Congresso.