O governo do Distrito Federal iniciou um mapeamento de alas no Complexo Penitenciário da Papuda para uma eventual prisão de Jair Bolsonaro. Conforme apurou O GLOBO, três espaços isolados foram identificados como possíveis locais para abrigar o ex-presidente. A escolha desses ambientes busca evitar o contato de Bolsonaro com outros detentos e minimizar riscos à segurança.

Além das questões logísticas, a gestão de Ibaneis Rocha mantém atenção especial às condições de saúde do ex-mandatário. Em ofício encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) na última terça-feira, a Secretaria de Administração Penitenciária (Seape) solicitou uma avaliação médica para atestar se o quadro clínico de Bolsonaro é compatível com os recursos disponíveis no sistema prisional do DF.

Bolsonaro possui histórico de cirurgias abdominais e complicações recentes, o que pode demandar deslocamentos para atendimento hospitalar. Esse procedimento exigiria escolta reforçada e planejamento detalhado.

Desde setembro, conforme relatado por O GLOBO, Bolsonaro manifesta preocupação com a possibilidade de ser transferido para a Papuda, complexo que reúne unidades sob gestão distrital e federal. Interlocutores próximos afirmam que aliados o visitaram durante a prisão domiciliar, decretada em agosto, e tentaram acalmá-lo diante dessa perspectiva.

A defesa do ex-presidente deve insistir que seu estado de saúde justifica o cumprimento da pena em casa, no Jardim Botânico, em Brasília — situação semelhante à do ex-presidente Fernando Collor, que cumpre pena em seu apartamento em Maceió.

No Supremo Tribunal Federal, ministros avaliam que a definição do local de cumprimento da pena deve considerar não apenas questões de segurança, mas também precedentes envolvendo ex-presidentes encarcerados.

Para parte da Corte, uma sala especial na Superintendência da Polícia Federal em Brasília seria mais adequada do que a Papuda, por oferecer maior controle e reduzir riscos de mobilização externa.

Segundo o portal Metrópoles, a chefe de gabinete do ministro Alexandre de Moraes, Cristina Kusahara, visitou instalações no Complexo Penitenciário da Papuda no fim de outubro para avaliar alas sob responsabilidade do governo do Distrito Federal. Procurado, o gabinete do ministro do STF não se manifestou.

Nesta sexta-feira, a Primeira Turma do STF formou maioria para rejeitar recursos apresentados pela defesa de Bolsonaro contra sua condenação por participação em trama golpista.

Com a decisão, o ex-presidente permanece condenado a 27 anos e três meses de prisão, aproximando-se do cumprimento da pena em regime fechado, após o encerramento das etapas processuais previstas no plenário virtual, que segue até o dia 14.

O Supremo ainda deve analisar outros recursos da defesa, como novos embargos de declaração ou embargos infringentes. É praxe que o trânsito em julgado — ou seja, a decisão final e início do cumprimento da pena — só seja determinado após a apreciação do segundo embargo de declaração.