Internacional
UE tranquiliza Mercosul após adiamento de acordo comercial
Von der Leyen disse acreditar em 'conclusão positiva' em janeiro
Os líderes da União Europeia garantiram nesta sexta-feira (19) que o acordo de livre comércio com o Mercosul será assinado em 2026, apesar do adiamento provocado pela relutância de países como França e Itália, que pedem mais garantias para proteger o setor agropecuário.
"Tivemos uma virada que abre caminho para uma conclusão positiva do acordo com o Mercosul em janeiro", disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em declarações à imprensa após uma reunião do Conselho Europeu, órgão que congrega os governantes dos 27 Estados-membros, em Bruxelas.
"Ainda precisamos de algumas semanas para discutir algumas questões com os Estados-membros e já contatamos nossos parceiros do Mercosul, decidindo adiar ligeiramente a assinatura", acrescentou a chefe do Executivo da UE.
Já o presidente do Conselho Europeu, António Costa, salientou que, após 26 anos de negociações entre os dois blocos, é possível esperar mais "três semanas".
O objetivo de Von der Leyen e Costa era assinar o acordo na cúpula de presidentes do Mercosul neste sábado (20), em Foz do Iguaçu, porém a resistência da Itália, que pede reciprocidade nas regras trabalhistas e fitossanitárias, impediu que o texto fosse colocado em votação pelos europeus.
O impasse irritou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que chegou a dar um ultimato para a UE assinar o tratado "agora ou nunca", mas uma conversa com a premiê italiana, Giorgia Meloni, o convenceu a aceitar o adiamento.
"Estão trabalhando para adiar a cúpula do Mercosul, o que nos oferece algumas semanas para tentar dar as respostas exigidas por nossos agricultores e permitir aprovar o acordo quando tivermos todas as garantias", disse Meloni na madrugada desta sexta-feira (19).
Na última quinta (18), ela pediu a Lula um pouco de "paciência" e assegurou que convenceria o agro italiano a aceitar o tratado de livre comércio.
A Comissão Europeia já apresentou um mecanismo para combater flutuações excessivas nos preços e nos volumes de importação de mercadorias agropecuárias sul-americanas, porém França e Itália também querem que o Mercosul respeite os mesmos rígidos padrões trabalhistas, ambientais e fitossanitários exigidos dos agricultores europeus.
Questionado se acreditava em uma aprovação em janeiro, o presidente francês, Emmanuel Macron, foi evasivo e afirmou que ainda é "muito cedo" para responder, porém alertou que o texto precisa "mudar de natureza" para obter o aval de Paris.
Já a Alemanha, defensora do acordo, minimizou a oposição da França. "Está claro que o Mercosul entrará em vigor assim que o governo italiano der seu aval. Não abro mão da esperança de que a França o aprove, mas se não for assim, teremos maioria qualificada", explicou o chanceler Friedrich Merz.
O tratado precisa do "sim" de pelo menos 15 dos 27 Estados-membros da UE, desde que eles representem pelo menos 65% da população do bloco.
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