A primeira casa onde o cineasta, poeta e escritor italiano Pier Paolo Pasolini viveu em Roma virou um centro cultural, que foi inaugurado nesta quinta-feira (27), tendo em vista os 50 anos de seu falecimento neste mês.

A residência, situada na rua Giovanni Tagliere 3, abrigou o artista e sua mãe entre 1951 e 1954, sendo também o local onde Pasolini escreveu o romance "Ragazzi di vita" ("Meninos da vida").

O espaço, todo restaurado a fim de se assemelhar "o máximo possível" a sua versão original, tem entrada gratuita, podendo ser visitado de quinta-feira a domingo.

O projeto só pôde ser concretizado hoje graças ao produtor audiovisual Pietro Valsecchi, que arrematou a primeira casa de Pasolini na capital italiana durante um leilão.

O objetivo era doar o imóvel para que pudesse ser transformado em um espaço aberto ao público, e assim foi feito: a transferência para o Ministério da Cultura foi autorizada em julho de 2024, com a meta de inaugurar o espaço no 50º aniversário da morte do artista, em novembro deste ano.

"Finalmente, este lugar está ganhando vida, não se restringido à memória", disse Valsecchi durante a abertura do centro cultural.

Mostra fotográfica compõe inauguração do centro cultural 'Casa Pasolini'

Ele ainda contou que na década de 1970, ao conhecer a atriz italiana Laura Betti, ela lhe falou sobre Pasolini, "o homem".

"Quando vi que sua casa estava à venda, ouvi uma voz dizendo: 'Compre-a e doe-a'", revelou Valsecchi.

Para o diretor-geral dos Museus Nacionais da Itália, Massimo Osanna, o gesto do produtor é "de uma generosidade cívica e do desejo de compartilhar um patrimônio que pertence a todos e que só pode ser valorizado".

A inauguração do centro cultural também abriu a exposição fotográfica "A verdade não reside em um sonho, mas em muitos sonhos: as casas de Pasolini em Roma", que narra a passagem do cineasta pela Cidade Eterna e todos os seus interesses locais.

Nascido na província de Bolonha em 1922, Pasolini é tido como um dos maiores intelectuais da Itália no pós-Segunda Guerra. Em 2 de novembro de 1975, em uma praia em Ostia, no Lazio, ele foi assassinado, crime que ainda hoje não foi completamente esclarecido.