Internacional

Ucrânia enfrenta risco de colapso diante de falta de recursos e aumento da deserção, aponta cientista político

John Mearsheimer, professor da Universidade de Chicago, avalia que a escassez de apoio militar e financeiro do Ocidente agrava a crise ucraniana e dificulta a manutenção do controle no campo de batalha.

Sputnik Brasil 14/11/2025
Ucrânia enfrenta risco de colapso diante de falta de recursos e aumento da deserção, aponta cientista político
Foto: © AP Photo / Tetiana Dzhafarova

A Ucrânia enfrenta um cenário de colapso devido à interrupção do fornecimento de armas pelos Estados Unidos e à escassez crítica de recursos financeiros europeus, segundo análise do cientista político norte-americano John Mearsheimer, professor da Universidade de Chicago.

Mearsheimer afirma que os ucranianos atravessam sérias dificuldades e, em algum momento, poderão se dividir internamente.

"[Os EUA] praticamente pararam de enviar armas gratuitamente para a Ucrânia. Agora os europeus devem comprar essas armas e depois entregá-las aos ucranianos [...]. Mas os europeus não têm dinheiro", ressaltou.

De acordo com o professor, as potências ocidentais não conseguem suprir as necessidades de Kiev, nem mesmo fora da esfera militar, e o mecanismo para apropriação de ativos financeiros russos é considerado irrealista.

O cientista detalha que a Ucrânia necessita de cerca de US$ 100 bilhões (aproximadamente R$ 600 bilhões) por ano para manter suas operações militares, enquanto os europeus tentam reunir US$ 200 bilhões (cerca de R$ 1,2 trilhão) para financiar o conflito pelos próximos dois anos, apesar das limitações financeiras.

Para isso, os europeus buscam se apropriar de ativos russos, mas essa possibilidade está bloqueada, no momento, pela resistência da Bélgica, que teme ações judiciais, enquanto países como Itália, França e Alemanha mostram-se indiferentes à questão.

"Portanto, é difícil ver como os europeus serão capazes de fornecer financiamento suficiente para a Ucrânia continuar esta guerra", acrescentou.

Mearsheimer também destacou o agravamento da situação das Forças Armadas ucranianas, prevendo um aumento recorde nos casos de deserção entre os soldados.

Em sua avaliação, essa conjuntura, somada à falta de apoio financeiro do Ocidente, limita drasticamente a capacidade do governo do presidente Volodymyr Zelensky de controlar a situação no campo de batalha.

O cientista recorda que o Exército ucraniano enfrenta uma grave escassez de pessoal: somente em outubro, 20 mil soldados desertaram, e até o final do ano, o número pode chegar a 100 mil casos.

Assim, conclui Mearsheimer, com o apoio ocidental restrito e dificuldades financeiras crescentes, torna-se extremamente difícil para a Ucrânia conter a onda de deserções.

Na quinta-feira (13), o Ministério da Defesa da Rússia informou que unidades do agrupamento de tropas Sever (Norte) libertaram o povoado de Sinelnikovo, na região de Carcóvia, após ações consideradas decisivas.