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Vaticano estabelece limites para devoção à Virgem Maria

Documento aborda títulos geralmente atribuídos à mãe de Cristo

Redação ANSA 04/11/2025
Vaticano estabelece limites para devoção à Virgem Maria
- Foto: © ANSA/Reprodução/Instagram

Vaticano publicou nesta terça-feira (4), com aval do papa Leão XIV, um documento que estabelece limites para a adoração à Virgem Maria e alerta que o culto à mãe de Jesus não pode enfraquecer a devoção ao próprio Cristo.

A nota doutrinal foi divulgada pelo Dicastério para a Doutrina da Fé, principal departamento da Igreja Católica em matéria de teologia, e define como "inoportuno" o uso de títulos como "corredentora" por parte de fiéis e padres.

Para o Vaticano, a Virgem Maria tem um papel importante na fé católica, e as peregrinações a santuários marianos possuem um "profundo valor" teológico, porém ela não está no mesmo patamar de Cristo na obra de redenção.

"A devoção mariana, que a maternidade de Maria suscita, é um tesouro da Igreja.

Não se trata de corrigir a piedade do povo fiel de Deus que encontra em Maria refúgio, fortaleza, ternura e esperança, mas, sobretudo, de a valorizar, admirar e encorajar", diz uma nota assinada pelo prefeito do dicastério, cardeal Víctor Manuel Fernández.

"A maternidade de Maria não pretende debilitar a única adoração que se deve somente a Cristo, mas estimulá-la. Por isso, devem-se evitar os títulos e expressões referidos a Maria que a apresentem como uma espécie de 'para-raios' diante da justiça do Senhor, como se Maria fosse uma alternativa necessária diante da insuficiente misericórdia de Deus", afirma o documento.

De acordo com a Santa Sé, o uso de títulos como "corredentora" arrisca "obscurecer a única mediação salvífica de Cristo, pois não há salvação em nenhum outro". O documento, aprovado por Leão XIV em outubro, estava pronto desde março, ainda no pontificado de Francisco, que sempre foi contra o termo "corredentora" para se referir à Virgem Maria.

Já o título de "medianeira" é rejeitado pelo Vaticano quando assume um significado exclusivo de Jesus, tido como único mediador, porém é aceito se expressar a ideia de cooperação e intercessão, enquanto os epítetos "mãe dos fiéis", "mãe espiritual" e "mãe do povo fiel" são elogiados pelo documento.