A Torre dei Conti, que domina o Largo Corrado Ricci, em Roma, e desabou parcialmente nesta segunda-feira (3), é considerada um marco da história medieval e do poder papal.

Seu nome está ligado aos Conti di Segni, família do papa Inocêncio III, ou possivelmente ao Conte di Sora, Riccardo, irmão do pontífice, que ampliou a estrutura em 1204.

O Papa, que desejava uma torre majestosa e simbólica, queria tornar visível e palpável o poder da Igreja. Ele conseguiu: a torre chegou a atingir quase 60 metros de altura e impressionou até o poeta Francesco Petrarca, que a chamou de "Turris illa toto orbe unica", "única no mundo".

Além do simbolismo, a expansão de Inocêncio III tinha também finalidade prática: proteger melhor as procissões papais da Basílica de São Pedro ao Mar de Latrão.

A torre medieval foi erguida perto dos Fóruns Imperiais, no bairro de Monti, no local de um antigo templo dedicado à deusa Tellus, e seu primeiro núcleo fortificado remonta a 858.

A construção foi encomendada por Pietro dei Conti di Anagni, e, segundo Vasari, confiada ao escultor e arquiteto Marchionne Aretino. Originalmente revestida com travertino dos Fóruns Imperiais, sofreu pilhagens ao longo dos séculos: parte do material foi usado para construir a Porta Pia.

A torre também resistiu a diversos terremotos. Atualmente, restam apenas 29 metros da base, em contraste com os 50 a 60 metros originais.

No final do século XVII, o Papa Alexandre VIII acrescentou dois contrafortes robustos, que ainda hoje se mantêm de pé. Contudo, nos séculos seguintes, a torre foi abandonada e utilizada como celeiro e depósito de carvão.

Na sequência, ficou isolada quando os becos circundantes foram destruídos durante as obras de demolição para a construção da Via Cavour, no final do século XIX, e da Via dei Fori Imperiali, em 1930.

O monumento também ficou conhecido como Torre Maggiore ou Torre Secura, e é considerado um belo exemplo das casas-torre da Roma medieval, residência de famílias baronais e autoridades eclesiásticas.