Internacional
Arqueólogos descobrem escultura de sapos de 3.800 anos ligada à cultura e ao clima no Peru (FOTOS)

Arqueólogos peruanos descobriram uma estatueta de argila de 3.800 anos com dois sapos entrelaçados, revelando simbolismo ligado à fertilidade e à chuva na cultura andina. O achado em Vichama, parte da civilização Caral, oferece novas pistas sobre como sociedades antigas enfrentavam crises ambientais.
A descoberta do artefato de cerca de 12 centímetros — o primeiro de seu tipo associado à civilização Caral, considerada a mais antiga das Américas — foi divulgada pelo Ministério da Cultura do Peru, e chamou a atenção internacional por seu valor simbólico e histórico.
Na cosmovisão andina, os sapos são tradicionalmente associados à água e à chuva, elementos essenciais para a agricultura e a sobrevivência das sociedades antigas. A escultura se conecta a outras representações artísticas encontradas em Vichama, que retratam temas como fertilidade, escassez e renovação, sugerindo uma resposta cultural às crises ambientais enfrentadas há milênios.
Vichama, localizado a cerca de 110 km ao norte de Lima, foi um centro urbano ativo por volta de 1.800 a.C., durante as fases tardias da civilização Caral. Com 25 hectares de extensão, o sítio abriga 28 estruturas arquitetônicas, incluindo praças cerimoniais, edifícios públicos e áreas residenciais. Os murais em relevo de barro, com figuras humanas e motivos agrícolas, reforçam a ligação entre a espiritualidade, arte e estratégias de sobrevivência.
As escavações em Vichama começaram em 2007 e ainda continuam, revelando artefatos únicos que diferenciam o local de outros centros dessa civilização. Ao contrário das monumentais pirâmides de pedra de Caral, Vichama oferece uma perspectiva mais íntima da vida cotidiana e do universo simbólico de seus habitantes, ampliando o entendimento sobre essa civilização ancestral.
Caral, também conhecida como Norte Chico, surgiu há cerca de 5.000 anos e é reconhecida como a sociedade complexa mais antiga das Américas. Declarada Patrimônio Mundial pela UNESCO em 2009, Caral se destacou por sua organização social avançada, sem uso de cerâmica ou guerra. Sua economia era baseada na agricultura, pesca, comércio e rituais religiosos, e seu legado influenciou civilizações posteriores como Chavín, Moche e os incas.
A escultura dos sapos reforça o valor do patrimônio arqueológico peruano e sua relevância contemporânea. Em tempos de crise hídrica e mudanças climáticas, o simbolismo da peça ressoa com as preocupações atuais, mostrando como sociedades antigas incorporaram questões ambientais em suas expressões culturais.
Para arqueólogos e historiadores, o artefato é uma peça rara que adiciona uma nova dimensão ao estudo das primeiras civilizações andinas. Ele destaca a profunda conexão espiritual entre pessoas, natureza e sobrevivência — um vínculo que permanece significativo mesmo na era moderna.
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