Internacional
Juiz confirma para esta quarta julgamento de marido que dopava mulher para que estranhos a estuprassem, na França
Juiz disse que recebeu atestado médico informando que Dominique Pelicot estava apto a retomar atividades diárias normais e que estado permitiu ida ao tribunal

Dominique Pelicot, principal réu em julgamento na França por drogar a própria mulher para que estranhos a estuprassem, retornará ao tribunal para testemunhar nesta quarta-feira após ser internado no hospital nesta terça, disse o juiz que presidiu o julgamento. A internação hospitalar de Pelicot, um aposentado de 71 anos acusado de estuprar repetidamente e recrutar dezenas de estranhos para abusar de sua esposa fortemente sedada, gerou especulações de que o julgamento poderia ser adiado, mas o juiz presidente disse que o julgamento agora pode continuar conforme planejado.
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O juiz, Roger Arata, disse que recebeu um atestado médico informando que Pelicot estava apto a retomar suas atividades diárias normais e que seu estado permitiu a transferência de sua cela de prisão para o tribunal. Pelicot está sendo julgado desde a semana passada, assim como outros 50 homens, com idades entre 26 e 74 anos, por suposto envolvimento em um caso que horrorizou a França.
O principal réu, que admitiu as acusações contra ele, deveria ser interrogado na tarde desta terça-feira, mas na segunda-feira parecia frágil, apoiado em uma bengala e na lateral de vidro do banco dos réus, e foi dispensado do tribunal devido ao que sua advogada, Beatrice Zavarro, disse ser dor abdominal. Zavarro disse que seu cliente não estava de forma alguma "fugindo" do julgamento.
"Ele sempre disse que estaria presente e testemunharia. É essencial", ela acrescentou.
O juiz presidente Arata ordenou que o acusado fosse examinado, dizendo que ele poderia solicitar a suspensão do julgamento "até que seu estado de saúde melhorasse".
'Nada vai mudar'
Mas com base na nota médica, Arata disse nesta terça-feira que agora "nada mudará" na agenda de quarta-feira, e Pelicot seria interrogado "durante os intervalos" previstos no programa original. Especialistas descreveram Pelicot na segunda-feira como um manipulador egocêntrico, sem empatia e com dupla personalidade.
Sua ex-mullher e vítima, Gisele Pelicot, de 71 anos, diz que foi atormentada por estranhos lapsos de memória durante anos até que a polícia descobriu o abuso por acaso, depois que ele foi flagrado filmando as saias de mulheres em um supermercado local. O julgamento está aberto ao público a pedido dela para conscientizar sobre o uso de drogas para cometer agressões sexuais.
O advogado da família, Stephane Babonneau, disse nesta terça-feira que era "absolutamente necessário que Pelicot recebesse tratamento médico e pudesse comparecer aos debates". Gisele "Pelicot e seus filhos não desejam testemunhar sem que ele esteja presente", acrescentou.
A maioria dos supostos estupros ocorreu na casa de Pelicot em Mazan, uma vila de seis mil pessoas na região sul da Provença. Pelicot manteve registros meticulosos dos abusos sofridos por sua esposa, descobertos depois que a polícia apreendeu seu computador e outros equipamentos.
'Estado inconsciente profundo'
Um investigador, que analisou imagens e filmagens encontradas no computador do réu principal, disse ao tribunal nesta terça-feira que todos os co-acusados deviam saber que Gisele Pelicot estava inconsciente.
"Além das imagens, você precisa ouvir o som. Você imediatamente percebe que ela está dormindo", disse Stephan Gal. "Alguns até voltaram em diversas ocasiões, e nenhum deles poderia ignorar que ela estava em um estado de inconsciência profunda."
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Dezoito dos 51 acusados, incluindo Pelicot, estão presos, enquanto outros 32 réus estão aguardando o julgamento em liberdade. Um último, ainda foragido, também está sendo julgado. O investigador relatou o caso de um dos réus, Mathieu D., acusado de abusar sexualmente de Gisele Pelicot, como muitos outros, sem preservativo.
A polícia o identificou graças a uma tatuagem característica, disse Gal. Eles encontraram o contato dele no telefone do réu principal, e os dados do telefone mostraram que ele estava em Mazan no mesmo dia.
Quando interrogado, Mathieu D. "disse que sabia que Dominique Pelicot ia colocar sua esposa para dormir, mas ele pensou que era parte de um 'jogo sexual'. Ele disse que foi apresentado como um cenário e que ele ingenuamente, cegamente, foi atrás disso", disse Gal.
A filha do principal réu, Caroline Darian, de 45 anos, disse que sua vida "literalmente virou de cabeça para baixo" quando soube do abuso. Fotomontagens dela nua também foram encontradas no computador de seu pai. Os dois filhos do casal ainda devem falar.
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