Internacional
Greve geral em Israel pressiona governo a garantir acordo de cessar-fogo após descoberta de corpos de reféns em Gaza
Paralisação é a maior no país desde março de 2023, quando o premier Benjamin Netanyahu tentou reformar o judiciário israelense
Após dezenas de milhares de manifestantes se mobilizarem nas ruas de Israel neste domingo, uma greve geral organizada pela Histadrut, a principal central sindical do país, atinge diversos setores do Estado judeu nesta segunda-feira. O objetivo das paralisações é pressionar o governo por um acordo de cessar-fogo que garanta a libertação dos reféns mantidos pelo grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza desde 7 de outubro. As manifestações eclodiram depois que o Exército do país anunciou a recuperação dos corpos de seis reféns recentemente mortos no enclave palestino.
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Várias regiões anunciaram nesta segunda-feira que aderiram à greve, incluindo Tel Aviv e Haifa, onde escolas permaneceram fechadas. Os transportes públicos, geridos por empresas privadas, foram parcialmente afetados pela greve. No aeroporto Bn Gurion, dezenas de passageiros aguardavam nos balcões de check-in pela manhã, após o atraso de alguns voos, de acordo com a AFP. A adesão, no entanto, não foi igual em todas as regiões: Jerusalém e Ascalão não aderiram à mobilização.
Há meses, mediadores do Catar, Egito e Estados Unidos tentam convencer o Hamas e Israel a fechar um acordo para um cessar-fogo que inclua uma troca de reféns por prisioneiros palestinos detidos por Israel, mas até agora sem sucesso. O presidente dos EUA, Joe Biden, disse ter ficado “devastado” após a descoberta dos corpos dos reféns, entre eles o israelense-americano Goldberg-Polin. Biden se reunirá nesta segunda com os negociadores americanos para discutir os “esforços para alcançar um acordo que garanta a libertação dos reféns” que continuam detidos, afirmou a Casa Branca.
O presidente da Histadrut, Arnon Bar-David, afirmou no domingo que a greve visa “parar o abandono dos reféns”. A frustração das famílias pareceu atingir seu ponto máximo depois do anúncio da descoberta dos seis corpos, com a informação do Ministério da Saúde israelense de que os resultados das autópsias indicaram que os reféns morreram por disparos a curta distância entre quinta e sexta-feira.
— Eles foram brutalmente assassinados por terroristas do Hamas pouco antes de nós os alcançarmos — afirmou em uma coletiva o principal porta-voz do Exército de Israel, Daniel Hagari.
Em nota, o Exército afirmou que os restos mortais foram encontrados no sábado “em um túnel subterrâneo na zona de Rafah”, extremo sul do enclave palestino. Os seis foram identificados como Carmel Gat, Eden Yerushalmi, Alexander Lobanov, Almog Sarusi, sargento Ori Danino e o cidadão israelo-americano Hersh Goldberg-Polin.
“Quem quer que aceite o assassinato de civis pelo primeiro-ministro não deveria ficar em casa”, disse no X Gil Dickmann, primo de Gat. “Em memória de Carmel, saiam às ruas, parem o abandono, paralisem o Estado, alcancem um acordo.”
Goldberg-Polin, Yerushalmi e Gat constavam na “categoria humanitária” do esboço de um acordo alcançado entre Israel e o Hamas no início de julho, disseram autoridades israelenses à CNN, com previsão de que seriam soltos. Sob condição de anonimato, um membro do Hamas confirmou que alguns dos reféns estavam na lista dos que seriam libertados durante a primeira fase do acordo, se um cessar-fogo fosse finalizado.
Nas ruas, os manifestantes expressaram uma mistura de lamento e raiva.
— Teria sido possível salvá-los em um acordo — disse a estudante Shiraz Angert, usando uma camiseta com a foto de Goldberg-Polin no protesto em Jerusalém. — Há pessoas que foram sacrificadas porque não fizemos o suficiente.
Em Tel Aviv, Dan Levinson, um professor do ensino secundário, disse esperar que a manifestação fosse um divisor de águas.
— Sinto que hoje é a última chance de mudança — afirmou, acrescentando: — Se não for agora, nunca será.
Em atualização.
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