O Ministro da Defesa da Ucrânia, general Oleksandr Syrsky, afirmou nesta quinta-feira que o Exército ucraniano estabeleceu um escritório administrativo na região russa de Kursk, invadida por Kiev na semana passada. O anúncio foi feito pouco depois das forças ucranianas lançarem o maior ataque contra aeródromos russos, na quarta-feira, e em um momento em que Moscou mobiliza tropas para regiões na área de contato.

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— Um escritório de comando militar foi estabelecido para manter a lei e a ordem e atender às necessidades da população nos territórios controlados — afirmou o general Syrsky em um uma reunião com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.

A operação militar ucraniana já corresponde ao maior avanço estrangeiro contra o território russo desde a Segunda Guerra Mundial. Um balanço divulgado pelo general a Zelensky, no nono dia de invasão, indica que 82 localidades da região de Kursk estão sob domínio ucraniano, o que corresponde a uma área de aproximadamente 1.150 km². O avanço máximo foi de 35 km além da fronteira, em uma situação descrita como "sob controle".

Nesta quarta-feira, Kiev atacou separadamente quatro aeródromos russos durante a noite, de acordo com uma fonte dos serviços de segurança de Kiev, ouvida pela AFP. A operação teve como objetivo “impedir que o inimigo usasse esses aeródromos para lançar ataques”, disse a fonte. Já o Ministério de Defesa russo disse ter abatido 117 "UAV (Veículo Aéreo Não-Tripulado ou drones)" e quatro mísseis táticos durante a noite, sobre a região de Kursk.

Kiev e Moscou travam uma disputa narrativa sobre a invasão. Moscou denunciou o ataque ucraniano como uma última cartada de Kiev na tentativa de convencer os aliados ocidentais de que a ajuda militar enviada ao Leste Europeu tem impacto real na guerra. O Ministério da Defesa divulgou um vídeo mostrando o momento da captura do que seriam 100 militares ucranianos, e anunciou a libertação de algumas localidades, incluindo Krupets, perto da fronteira.

Em um comunicado divulgado pelo Telegram, o ministro da Defesa russo, Andrei Belousov, anunciou nesta quinta-feira o envio de "forças e recursos adicionais" para a região de Belgorod, vizinha a Kursk.

Zelensky defende que a invasão é uma forma de pressionar a Rússia e fazê-la sentir a guerra que iniciaram em fevereiro de 2022. Militarmente, no entanto, o objetivo seria criar uma "zona tampão" e corredores humanitários na região fronteiriça.

"Estamos avançando na região de Kursk. De um a dois quilômetros em diferentes zonas desde o início do dia. Mais de 100 militares russos adicionais foram capturados no mesmo período", indicou o presidente em uma publicação no Telegram, na quarta-feira. (Com AFP)