Internacional
Amorim diz que não tem 'confiança' nas atas da oposição na Venezuela
Líder opositora afirmou ao GLOBO que pode entregar documentos ao Brasil e a outros países
O assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais, Celso Amorim, afirmou nesta quarta-feira que não tem confiança nas atas das eleições da Venezuela divulgadas pela oposição a Nicolás Maduro.
Em entrevista ao Estúdio i, da GloboNews, ele voltou a defender a divulgação desses documentos pelo governo venezuelano. As atas são uma espécie de boletim das urnas do pleito realizado há dez dias.
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— Claro que é lamentável que as atas não tenham aparecido. Eu não estou dizendo agora, disse isso par o presidente Maduro. Estive com ele no dia seguinte à eleição — afirmou.
Depois, o assessor completou:
— Eu também não tenho confiança nas atas da oposição.
O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela apontou Maduro como reeleito com 51,95% dos votos, enquanto seu opositor, Edmundo González, recebeu 43,18%.
A oposição e a comunidade internacional contestam o resultado divulgado pelo órgão eleitoral e pedem a divulgação das atas eleitorais (uma espécie de boletim das urnas). Contagem paralela da oposição, por sua vez, aponta que González venceu Maduro com 67% dos votos, contra 30% de Maduro.
Em entrevista ao GLOBO, a líder opositora María Corina Machado disse que pode entregar as atas eleitorais em posse da oposição ao governo do Brasil.
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Na entrevista, Amorim disse também que teme um agravamento da situação na Venezuela e que isso resulte em uma guerra civil no país.
— Eu temo muito que possa haver um conflito muito grave. Não quero usar a expressão guerra civil, mas temo muito. E eu acho que a gente tem que trabalhar para que haja um entendimento. Isso exige conciliação. E conciliação exige flexibilidade de todos os lados. Por que os Estados Unidos mantiveram sanções violentas quando já havia processo de negociação? Por que a União Europeia manteve sanções quando foi convidada para ser observadora? — disse ao programa Estúdio i, da GloboNews.
Defesa de solução
Amorim viajou à Venezuela para acompanhar o processo eleitoral no país no dia 28 de julho. Logo após o pleito, ele reforçou o pedido do governo brasileiro para a Venezuela publicar integralmente as atas da eleição presidencial, uma espécie de boletim das urnas.
— Temos que encontrar uma solução para isso. Acho, pessoalmente, pelo nível de divisão que eu vejo e existe na Venezuela, será necessária algum tipo de conversa de mediação —disse.
Amorim ainda afirmou que que os presidentes de Brasil, México e Colômbia podem falar com o candidato de oposição, Edmundo González, que concorreu com o presidente atual, Nicolás Maduro.
— Eu acho que é mais importante os três presidentes conversarem entre si e sabem bem como encaminhar uma conversa que pode ser com o Maduro, mas pode também ser com o candidato da oposição em algum momento — disse ele.
Anistia
Amorim sugeriu que uma solução passa por um acordo que inclua “anistia e garantias recríprocas” entre as partes.
— A anistia tinha que ser recíproca. Quem perdeu a eleição vai continuar vivendo normalmente, podendo se candidatar.
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