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UE impõe novas sanções a colonos e entidades israelenses por violência na Cisjordânia e bloqueio de ajuda a Gaza

Esta é a segunda rodada de punições do bloco contra extremistas por 'abusos sérios e sistemáticos contra os direitos humanos'; medidas restritivas incluem congelamento de ativos e proibição de vistos

Agência O Globo - GLOBO 15/07/2024
UE impõe novas sanções a colonos e entidades israelenses por violência na Cisjordânia e bloqueio de ajuda a Gaza

O Conselho da União Europeia (UE) anunciou nesta segunda-feira sanções contra cinco israelenses, incluindo os chamados "colonos extremistas", e três entidades israelenses por abusos contra palestinos na Cisjordânia e pelo bloqueio da ajuda humanitária a Gaza. O conselho afirmou que os indivíduos e entidades são responsáveis por "abusos sérios e sistemáticos de direitos humanos contra palestinos". Esta é a segunda rodada de sanções do bloco europeu que tem como alvo os violentos colonos israelenses, elevando para 14 o número total de listagens. As sanções incluem o congelamento de bens e a proibição de vistos.

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Os alvos desta segunda listagem foram identificados como Bentzi Gopstein, por seu papel como fundador e chefe do grupo de extrema direita Lehava, com mais de dez mil membros; Baruch Marzel, político ortodoxo conhecido por pedir a limpeza étnica de palestinos; Zvi Bar Yosef, Moshe Sharvit, e Isaschar Manne, colonos que teriam praticado "violência contra palestinos" na Cisjordânia; Fazenda de Moshe e Fazenda de Zvi, postos avançados ilegais que estariam ligados à violência contra palestinos na Cisjordânia; e a organização Tzav 9, responsável por bloquear caminhões de ajuda humanitária — alimentos, água e combustível — destinados a Gaza.

"As ações do Tzav 9 incluem protestos violentos, ataques a caminhões de alimentos e destruição de alimentos", disse o Conselho Europeu em um comunicado.

Os indivíduos sancionados estão sujeitos ao congelamento de quaisquer ativos que possuam na UE e estão proibidos de viajar para países da UE. No caso de entidades e organizações, elas são proibidas de firmar acordos com indivíduos ou organizações da UE.

Na última listagem, de abril, o bloco aplicou sanções contra quatro pessoas e duas entidades, sendo eles os grupos Lehava e Hilltop Youth, e os colonos Meir Ettinger e Elisha Yered, duas figuras importantes do último grupo, além de Neria Ben Pazi e Yinon Levi.

Sharvit, Levy e Yosef foram sancionados em fevereiro pelo Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido e os EUA, uma ação então considerada sem precedentes pela Casa Branca. No comunicado da chancelaria britânica, Sharvit foi descrito como um "extremista que ameaçou, assediou e agrediu pastores palestinos e suas famílias", enquanto Yosef teria sido descrito pelos moradores palestinos como uma "fonte de intimidação e violência sistemática".

A organização Lehava também foi sancionada recentemente pelos EUA. " Os membros da Lehava têm se envolvido em repetidos atos de violência contra palestinos, muitas vezes visando áreas sensíveis ou voláteis", escreveu o Departamento de Estado americano em um comunicado na última quarta-feira, "encorajando fortemente o Governo de Israel a tomar medidas imediatas para responsabilizar esses indivíduos e entidades."

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Apesar de ser governada pela Autoridade Nacional Palestina (ANP), a Cisjordânia é um território palestino ocupado desde 1967 por Israel. De acordo com números oficiais, cerca de três milhões de palestinos vivem na região, mas, ao mesmo tempo, o governo israelense reconhece a presença de 465.400 pessoas em assentamentos judaicos no território, considerados ilegais pelas leis internacionais. O número não inclui os assentamentos em Jerusalém Oriental, e as autoridades palestinas afirmam que o número real de colonos supera 700 mil.

Além disso, desde o início do conflito em Gaza, a região tem sido abalada por uma violência renovada. Pelo menos 565 palestinos morreram na Cisjordânia em ataques militares e na violência com colonos israelenses desde os ataques desde outubro, segundo autoridades palestinas.

Antes da guerra, porém, o território já era cenário de episódios de agressão. Marchas nacionalistas incitaram o ódio contra a população árabe, incluindo os que têm a cidadania israelense, e ações militares contra cidades e vilas, que não raro deixam mortos, contribuem para o sentimento de revolta entre boa parte da população local, especialmente os mais jovens. (Com AFP)