Internacional
Eleições na França: Le Pen diz que partido 'quer governar' e só aceitará formar coalizão se puder 'agir'
Declaração acontece após Jordan Bardella, cotado para premier em um eventual governo do Reagrupamento Nacional, condicionar ascensão ao cargo se legenda obtiver maioria absoluta

A líder da extrema direita francesa Marine Le Pen disse, em entrevista nesta terça-feira, que o Reagrupamento Nacional (RN), favorito no segundo turno das eleições legislativas, apenas aceitaria formar uma coalizão no Parlamento se pudesse "governar". A declaração acontece após o eurodeputado Jordan Bardella, principal cotado para primeiro-ministro em um eventual governo do RN, condicionar sua ascensão ao cargo à conquista da maioria absoluta dos assentos no pleito — cenário visto como improvável sem alianças, apesar das projeções indicarem que o partido terá a maior bancada.
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— É evidente que não podemos aceitar ir para o governo se não pudermos agir — disse ela. —Queremos governar.
Segundo Le Pen, caso o RN tenha um pouco menos de votos para obter a maioria de 289 necessária para governar — pesquisas apontam que o partido poderá levar de 240 a 270 cadeiras —, tentaria convencer "vários deputados de direita, vários de esquerda e alguns republicanos" a formar uma coalizão.
— A desistência é o pior tipo de desrespeito aos eleitores — enfatizou. — Esse governo será completo, será competente, será composto por pessoas do Reagrupamento Nacional, por pessoas que participaram conosco da batalha eleitoral e por pessoas da sociedade civil. Essa maioria absoluta é viável.
A tarefa, de fato, pode não ser tão difícil quanto seria no passado — apesar do histórico "cordão sanitária" formado pelas forças democráticas para isolar a extrema direita francesa ter se repetido este ano depois do primeiro turno.
Após o presidente Emmanuel Macron anunciar a antecipação das eleições, Eric Ciotti, presidente dos Republicanos — partido da direita tradicional que já elegeu quadros como Nicolas Sarkozy e Jacques Chirac —, surpreendeu a todos ao anunciar uma aliança com o RN. Ciotti foi expulso do partido e depois readmitido temporariamente por determinação da Justiça, levando a um racha que incentivou parte dos candidatos republicanos a se unirem à ultradireita em alguns distritos. Uma ampla vitória do Reagrupamento Nacional no segundo turno poderia atrair ainda mais deputados da legenda.
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Em entrevista, Le Pen também assegurou que não tem intenções de ser premier. Ela foi reeleita ao Parlamento no primeiro turno pelo distrito de Pas-de-Calais com 58% dos votos. Antes do pleito, era líder da bancada do RN na Casa, função que disse que pretende continuar exercendo.
— Estarei à frente do grupo de deputados — afirmou.
A líder extremista avaliou a decisão do presidente Macron de dissolver a Assembleia Nacional como um "impulso democrático", mas disse que os esforços do centrista para bloquear o RN indicava que ele teria voltado atrás.
— [Macron] está fazendo de tudo hoje para tentar frustrar o processo democrático — afirmou. — [Ele] planeja, mesmo que o povo se expresse enviando uma maioria de deputados do RN, impedir o RN de governar.
Le Pen também foi questionada sobre como o partido agiria caso Macron decidisse renunciar à Presidência — devido ao sistema semipresidencialista, o mandato do centrista pode seguir até 2027 mesmo com um primeiro-ministro de outra legenda, formando o que na França se conhece como governo de coabitação.
— Se ele decidir renunciar, entraremos nessa batalha presidencial com grande entusiasmo — disse Le Pen, afirmando esperar que haja uma eleição presidencial no país "o mais rápido possível".
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