Pouco após a condenação do ex-presidente dos EUA Donald Trump, uma onda de ameaças começou a ganhar corpo em fóruns on-line na quinta-feira. O alvo: os doze membros do júri que consideraram o republicano culpado das 34 acusações envolvendo o caso de suborno à ex-atriz pornô Stormy Daniels.

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Iniciativas que rastreiam atividades extremistas on-line nos EUA registraram um aumento no número de publicações envolvendo discursos ameaçadores contra os jurados que condenaram Trump, incluindo em grupos que anteriormente discutiam a realização de ataques a tiro em massa. De acordo com fontes ouvidas pela rede americana CNN, o volume de postagens com retórica violenta, pedindo por uma "retribuição" aos jurados — e também o vazamento de dados como nomes e endereços que seriam de pessoas ligadas ao julgamento — multiplicaram-se.

O Instituto para o Diálogo Estratégico, uma organização sem fins lucrativos que monitora atividades de extremismo on-line nos EUA, contabilizou 9,3 mil publicações mencionando distúrbios civis no dia seguinte à condenação de Trump. John Cohen, ex-subsecretário interino de inteligência e análise do Departamento de Segurança Interna, afirmou à rede americana que o volume de postagens é tão alto quanto o registrado após as buscas do FBI na mansão de Trump em Mar-a-Lago, na Flórida.

As publicações revelam o crescimento de um sentimento violento contra os jurados. Usuários dos fóruns pediram que informações como nomes e endereços do júri fossem expostos, e que sofressem as consequências por condenar o republicano — Trump acusa o sistema de justiça americano de agir politicamente contra ele, retórica comprada por parte de seus apoiadores.

“Espero que esses jurados enfrentem alguma justiça nas ruas”, escreveu um usuário anônimo em um fórum pró-Trump. Outro perguntou: “Não seria interessante se apenas uma pessoa da equipe jurídica de Trump vazasse anonimamente os nomes dos jurados?”.

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Os grupos de rastreamento ouvidos pela CNN afirmam que uma série de nomes e endereços foram vazados como sendo de integrantes do júri — cujas identidades foram mantidas em sigilo pelo juízo em Nova York, medida que a defesa de Trump não se opôs. A prática de vazamento ilegal e mal intencionado de dados privados é conhecida como doxxing.

Tentativas semelhantes aconteceram em outros casos envolvendo o ex-presidente, com repercussões práticas. Uma delas, alertaram as organizações, é o "swatting", uma prática de assédio de cidadãos e do sistema de segurança que consiste em reportar crimes falsos a autoridades locais, na residência de um dos "alvos".

Um dia após a condenação, Trump voltou a atacar o julgamento, que descreveu como fraude, e o sistema judicial americano. Durante um pronunciamento de 33 minutos na Trump Tower, o republicano alegou, sem provas, que sua condenação criminal trata-se de uma instrumentalização política da Justiça e uma “caça às bruxas”. Em um pronunciamento também na sexta-feira, o presidente Joe Biden criticou Trump pelos ataques à fé pública no sistema judicial, afirmando se tratar de algo perigoso para a estabilidade do país.