Internacional
Presidente de Portugal admite pela 1ª vez responsabilidade do país por escravidão e crimes coloniais
Marcelo Rebelo de Sousa fez declaração a jornalistas, na noite de terça-feira, e sugeriu que país poderia 'pagar custos' dos danos causados em terras estrangeiras
aO presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou que o país assume total responsabilidade pelos crimes cometidos durante o período colonial, incluindo a escravidão nos dois lados do Atlântico, o massacre de povos indígenas e o saque de bens em terras estrangeiras, sugerindo que Lisboa estaria disposta a "pagar os custos" pelos abusos praticados no passado. É a primeira vez que um chefe de Estado português reconhece a responsabilidade do país pelos crimes da era colonial.
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— Temos que pagar os custos (pela escravidão). Há ações que não foram punidas e os responsáveis não foram presos? Há bens que foram saqueados e não foram devolvidos? Vamos ver como podemos reparar isso — disse o presidente português, em conversa com correspondentes estrangeiros na noite de terça-feira.
No ano passado, Sousa já havia dito que Portugal deveria se desculpar pelo colonialismo e por sua participação na escravização de milhões de pessoas publicamente, mas não chegou a efetivar o pedido. Na noite de terça-feira, ele disse que "pedir desculpas é a parte mais fácil".
Apesar de admitir a "total responsabilidade pelos danos causados" e falar na possibilidade de reparações, o presidente português não detalhou como isso poderia ser feito na prática. O jornal lusitano O Público, nesta quarta, apontou que outros países, como Holanda e Canadá, criaram planos para indenizar e compensar comunidades afetadas pelo trabalho escravo de povos originários e em territórios coloniais. Por outro lado, indica que o tema é cerne de polêmica, e que países como os EUA nunca abriram espaço para compensações pela escravidão.
Portugal manteve colônias da América à Ásia, incluindo Brasil, Angola, Cabo Verde, Moçambique, Timor Leste e territórios na Índia e na China. O país foi o principal executor do tráfico transatlântico de escravizados, com estimativas apontando o envolvimento dos portugueses em metade dos 12 milhões de pessoas retiradas forçosamente de seus países e levadas para territórios na América Latina e no Caribe.
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