Internacional
Maduro diz não saber se será candidato à Presidência da Venezuela em 2024
Embora cresça a expectativa de uma disputa entre o líder venezuelano e María Corina Machado, vencedora das primárias da oposição, presidente afirmou em entrevista que sua candidatura ainda está em aberto
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, a quem a maioria dos observadores e apoiadores vem como candidato a um terceiro mandato em 2024, insistiu em uma entrevista transmitida nesta segunda-feira pela televisão que não sabe se disputará estas eleições.
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— É prematuro ainda. O ano acaba de começar. Só Deus sabe... Não o Diosdado [Cabello], Deus — disse Maduro ao canal Telesur, referindo-se ao ex-vice-presidente Diosdado Cabello, considerado número dois do chavismo, cujo prenome significa 'dado por Deus'. — Esperemos que se definam os cenários eleitorais [...], estou certo de que, com a bênção de Deus, tomaremos a melhor decisão.
Cabello, atual vice-presidente do governista Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), já disse em várias ocasiões que omovimento político considera Maduro seu candidato.
Espera-se que, em uma data que ainda será determinada no segundo semestre de 2024, o candidato governista enfrente a ex-deputada María Corina Machado, que ganhou as primárias da oposição e conseguiu aglutinar a maioria de seus nomes.
Atualmente, ela está inabilitada politicamente, embora tenha apresentado um recurso ao Tribunal Supremo de Justiça no âmbito das negociações entre o governo e a oposição. A candidata foi sancionada com 15 anos de inelegibilidade por suposta corrupção e traição à pátria depois de ter apoiado as sanções impostas pelos Estados Unidos à Venezuela.
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Washington tem reiterado que o cancelamento da inabilitação de Machado é uma das condições para a suspensão definitiva das sanções.
Durante a entrevista, Maduro também assegurou que o empresário Alex Saab, libertado pelos Estados Unidos antes do Natal, não é seu "testa de ferro", como afirmam os EUA.
— Nunca tive um testa de ferro! Nunca tive uma conta bancária no exterior. Nunca tive empresas, propriedades, nem quero tê-las na minha vida, nunca... — ressaltou. — Minhas relações com os empresários nacionais e internacionais têm sido e são relações de trabalho pelo país.
Saab, homem-chave de Maduro e descrito como o cérebro das transações financeiras da Venezuela no exterior, é acusado pela Justiça americana de montar um esquema de desvio de ajuda alimentar em benefício de Maduro e seu governo.
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Ele foi libertado no começo de dezembro em uma troca de prisioneiros entre os EUA e a Venezuela. Ele havia sido detido em junho de 2020 durante uma escala técnica em Cabo Verde e foi extraditado em outubro de 2021 aos Estados Unidos, onde foi acusado de lavagem de dinheiro.
Essequibo
Maduro se referiu, ainda, à disputa territorial pelo Essequibo com a vizinha Guiana:
— Estamos passando por um momento de turbulência. Porque a Guiana age não como a República Cooperativa da Guiana, a Guiana está agindo como a 'Guiana britânica', aceitando que um navio de guerra vá até sua costa e de sua costa ameace a Venezuela.
Veja pontos do acordo: Venezuela e Guiana concordam em não usar força na disputa pelo Essequibo
No final de dezembro, a Venezuela lançou exercícios militares com mais de 5 mil soldados perto da fronteira, após o anúncio da chegada de um navio de guerra britânico em águas guianesas.
As tensões entre Caracas e Georgetown aumentaram depois que a Guiana lançou licitações petrolíferas em setembro e no início de dezembro a Venezuela realizou um referendo em resposta a uma proposta de anexação do Essequibo, território de 160 mil km² rico em petróleo e recursos naturais administrado por Georgetown e reivindicado pela Venezuela.
O presidente Maduro e seu par guianês, Irfaan Ali, se comprometeram em uma reunião, em 14 de dezembro, a não usar a força, mas as tensões se acirram novamente no fim de dezembro com a chegada de uma embarcação da Marinha britânica na costa guianense para exercícios militares.
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