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Pesquisa inédita revela: 9 em cada 10 professores já sofreram ou presenciaram censura e perseguição no Brasil
Estudo da UFF em parceria com o MEC aponta política, gênero e religião como principais gatilhos para ataques; polarização aumentou violência nas escolas a partir de 2016
Um levantamento inédito trouxe à tona um cenário preocupante para a educação brasileira: nove em cada dez docentes da educação básica e superior, tanto da rede pública quanto da privada, já sofreram ou testemunharam episódios de perseguição e censura no ambiente de trabalho.
Os dados fazem parte da pesquisa "A violência contra educadoras/es como ameaça à educação democrática", desenvolvida pelo Observatório Nacional da Violência Contra Educadoras/es (Onve), da Universidade Federal Fluminense (UFF), em parceria com o Ministério da Educação (MEC). O estudo ouviu 3.012 profissionais em todo o país.
Segundo o coordenador Fernando Penna, o foco foi mapear agressões ligadas à limitação da liberdade de ensinar. O estudo confirmou que a violência explodiu acompanhando a polarização política do país: os casos aumentaram a partir de 2010, com picos críticos em 2016 (impeachment), 2018 e 2022 (eleições presidenciais).
Censura e Auto-censura
A pesquisa revela que a perseguição atinge todas as etapas de ensino. Cerca de 61% dos professores da educação básica e 55% do ensino superior relataram ter sido vítimas diretas.
O clima de medo gera consequências profundas: 45% dos professores admitiram que se sentem vigiados e evitam abordar certos temas para não sofrer represálias. Além disso, 20% chegaram a mudar de escola por iniciativa própria devido à insegurança.
Os Temas "Proibidos"
O estudo identificou quais assuntos geram mais conflitos e tentativas de silenciamento dos professores em sala de aula:
- Questões Políticas: 73%
- Gênero e Sexualidade: 53%
- Religião: 48%
- Negacionismo Científico: 41%
Houve relatos de docentes impedidos de falar sobre vacinação durante a pandemia sob acusação de "doutrinação" e de professores de ciências questionados por ensinarem a teoria da evolução em vez do criacionismo.
Quem são os agressores?
Um dado que chama atenção é a origem dos ataques. A violência, muitas vezes, parte de dentro da própria comunidade escolar:
- Equipes pedagógicas: 57%
- Familiares de estudantes: 44%
- Alunos: 34%
O relatório final da pesquisa recomendará a criação de uma política nacional de enfrentamento à violência contra educadores, tratando os professores como defensores de direitos humanos que necessitam de proteção específica.
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