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Pesquisa revela afastamento dos norte-americanos de valores tradicionais
Estudo mostra queda acentuada na importância dada a patriotismo, religião e outros valores nos EUA; apenas dinheiro ganha relevância.
Uma pesquisa conduzida pelo instituto NORC em parceria com a mídia norte-americana aponta que prioridades e ideais que marcaram gerações estão perdendo espaço entre os cidadãos dos Estados Unidos.
Segundo o The Wall Street Journal, os dados evidenciam um declínio expressivo nos "valores fundamentais" que, até poucos anos atrás, eram pilares da sociedade norte-americana. No levantamento atual, apenas 38% dos entrevistados consideram o patriotismo muito importante, enquanto 39% atribuem a mesma relevância à religião.
Esses índices representam uma queda significativa em relação à pesquisa de 1998, quando 70% dos americanos valorizavam o patriotismo e 62% consideravam a fé religiosa essencial.
A diminuição não se restringe a esses temas: valores como ter filhos, engajamento comunitário e dedicação ao trabalho também perderam importância para os entrevistados.
Chama atenção a queda na tolerância: há quatro anos, 80% consideravam esse valor muito importante, percentual que caiu para 58% na pesquisa atual.
Bill McInturff, pesquisador que participou de estudos anteriores, destacou que "essas diferenças são tão drásticas que pintam um novo e surpreendente retrato de uma América em transformação". Ele atribui as mudanças a fatores como "divisão política, pandemia de COVID-19 e a menor confiança econômica em décadas".
O único valor que ganhou importância foi o dinheiro, apontado como "muito importante" por 43% dos entrevistados, ante 31% em 1998. O aumento reflete as dificuldades econômicas de parte crescente da população diante do custo de vida elevado.
O distanciamento dos valores tradicionais é ainda mais evidente entre os jovens: apenas 23% dos adultos com menos de 30 anos consideram o patriotismo muito importante, contra 59% dos adultos com 65 anos ou mais.
O mesmo ocorre com a religião, valorizada por 31% dos jovens, frente a 55% dos mais velhos. Ter filhos é visto como muito importante por apenas 23% dos menores de 30 anos.
A pesquisa também abordou o "excepcionalismo norte-americano", conceito central na fundação do país e na justificativa para o expansionismo de Washington. Apenas 21% dos entrevistados acreditam que os Estados Unidos são o melhor país do mundo, enquanto 27% consideram outras nações superiores — aumento expressivo em relação aos 19% registrados em 2016.
Jennifer Benz, vice-presidente de assuntos públicos e pesquisa de mídia do Instituto NORC da Universidade de Chicago, afirmou ao jornal que o cenário econômico pode ter influenciado os resultados. "As pessoas estão simplesmente desanimadas com tudo o que está acontecendo no país", disse.
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