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Dólar recua a R$ 5,31 após dados fracos de emprego nos EUA e expectativa sobre juros do Fed

Moeda americana registra segunda queda seguida diante do real, influenciada por cenário externo e apostas em corte de juros nos Estados Unidos.

03/12/2025
Dólar recua a R$ 5,31 após dados fracos de emprego nos EUA e expectativa sobre juros do Fed
- Foto: Reprodução

O dólar registrou nesta quarta-feira, 3, a segunda queda consecutiva frente ao real, acompanhando o movimento global da moeda americana. Dados fracos do mercado de trabalho dos Estados Unidos reforçaram as expectativas de que o Federal Reserve poderá reduzir os juros já na próxima semana.

Com mínima de R$ 5,2992 no início da tarde, o dólar à vista fechou em baixa de 0,32%, a R$ 5,3133 — o menor valor de encerramento desde 14 de novembro (R$ 5,2973). No acumulado dos três primeiros pregões de dezembro, a moeda recua 0,40%, após perda de 0,85% em novembro. No ano, a desvalorização é de 14,03%.

Segundo André Galhardo, economista-chefe da Análise Econômica, o câmbio local é influenciado pelo ambiente externo favorável às moedas emergentes. Ele destaca, porém, que a resiliência da economia brasileira, com dados positivos da indústria e do emprego, também fortalece o real.

"Essa resiliência da atividade, vista nos números da indústria e do emprego, sugere um Banco Central mais conservador e eleva as dúvidas sobre um corte da Selic em janeiro", afirma Galhardo. Ele ressalta ainda que, com a queda das expectativas de inflação e a manutenção da taxa Selic em 15% ao ano, os juros reais aumentam, atraindo capital estrangeiro.

O relatório ADP, divulgado nesta manhã, mostrou perda de 32 mil vagas no setor privado americano em novembro, contrariando a expectativa de criação de 40 mil postos. Agora, o mercado aguarda a divulgação do índice de preços de gastos com consumo (PCE) de agosto, prevista para sexta-feira. Ferramenta do CME Group indica que a chance de o Fed anunciar um corte de 25 pontos-base nos juros no próximo dia 10 chega a 90%.

O índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes, incluindo euro e iene, operou em queda firme ao longo do dia, rompendo o piso dos 99.000 pontos e atingindo mínima de 98.828 pontos. Entre as moedas de países emergentes, destaque para a valorização superior a 1% do peso colombiano, enquanto peso chileno e rand sul-africano tiveram desempenho um pouco melhor que o real.

Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora, ressalta que a surpresa nos dados do ADP pode estar relacionada à paralisação parcial do governo americano, o que teria levado o setor privado a adotar postura mais cautelosa. "É difícil tomar decisões com números 'contaminados'. Se o Fed for mais prudente, deve esperar indicadores mais claros antes de cortar juros", afirma.

No Brasil, o Banco Central informou que o fluxo cambial foi negativo em US$ 4,130 bilhões na semana passada (de 24 a 28 de novembro), sobretudo devido a saídas líquidas de US$ 3,979 bilhões pelo canal financeiro, que inclui remessas de lucros e dividendos. Em novembro, até o dia 28, o fluxo cambial negativo foi de US$ 7,115 bilhões. Em outubro, houve entrada líquida de US$ 4,659 bilhões. No acumulado do ano, o saldo é negativo em US$ 19,799 bilhões.

Analistas ouvidos pela Broadcast avaliam que a manutenção da Selic em 15% ao menos até janeiro deve ampliar o diferencial de juros entre Brasil e exterior, o que tende a mitigar pressões sobre o real em dezembro, mesmo com o aumento das remessas de lucros e dividendos ao exterior.