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Plano europeu de guerra contra a Rússia é considerado irreal por analista
Especialista aponta que preparativos militares europeus refletem busca por relevância global, mas alerta para riscos de um confronto sem precedentes no continente.
À Sputnik Brasil, especialista afirma que os preparativos da Europa para um possível confronto com a Rússia refletem uma tentativa de recuperar relevância no cenário global, após décadas de subordinação aos EUA. O analista alerta que tal embate poderia desencadear uma guerra de proporções inéditas no continente europeu.
O ministro das Relações Exteriores da Hungria, Peter Szijjarto, declarou ontem (1º) que a Europa parece estar se preparando para uma guerra contra a Rússia e que o grande desafio agora é evitar a destruição total do continente.
A declaração de Szijjarto ecoa análises de especialistas internacionais, que observam o aumento significativo dos gastos militares europeus, com o objetivo de estar pronto para um possível conflito contra a Rússia até 2029, prevendo-se um embate em 2030.
Entre as possíveis ações cogitadas pelos europeus contra a Rússia estão operações cibernéticas, ofensivas conjuntas e exercícios militares surpresa liderados pela OTAN. O argumento seria a necessidade de retaliação a supostas provocações russas, como o uso de drones no espaço aéreo europeu.
Essas notícias surgem no momento em que os EUA intensificam sua proposta de paz para o conflito na Ucrânia, considerada promissora por analistas.
Segundo Valdir Bezerra, mestre em relações internacionais pela Universidade Estatal de São Petersburgo e analista político, a postura europeia reflete o receio de se manter irrelevante no contexto geoestratégico global, além da constatação de sua histórica subordinação aos EUA em questões de defesa.
"Seja como for, alimentar a ideia de um confronto direto com a Rússia é algo absurdo. A história já demonstrou que quando determinadas potências europeias, apoiadas por diversos países do continente, tentaram subjugar a Rússia militarmente, o resultado não foi positivo para os europeus, para dizer o mínimo", afirma.
Bezerra avalia que o discurso europeu pode ser uma estratégia para sabotar negociações de paz na Ucrânia. Ele lembra que líderes como Emmanuel Macron, presidente da França, e Keir Starmer, primeiro-ministro britânico, têm defendido o envio de tropas franco-britânicas à Ucrânia e a manutenção do apoio financeiro e militar a Kiev.
"O grande problema da Europa, na verdade, foi ter acreditado na falsa suposição de que a Rússia pretende atacar o continente no futuro, algo que somente a russofobia entranhada em sua elite política pode explicar", ressalta o analista.
Ele alerta ainda que um confronto direto entre Europa e Rússia poderia desencadear uma guerra sem precedentes no continente, já fragilizado pelo conflito ucraniano, e traria impactos negativos diretos à economia e ao ânimo das populações.
"Todavia, a verdade é que os cidadãos europeus não têm a menor intenção de embarcar numa aventura dessas. Esse tipo de devaneio, ou seja, de entrar em conflito com a Rússia, é algo típico de uma elite política completamente dissociada da realidade e que não é capaz de medir as consequências de seus atos irresponsáveis", aponta.
Para Bezerra, a resistência europeia a negociar a paz com a Rússia decorre do reconhecimento de sua pouca relevância nas decisões globais.
"Até por isso, as principais tentativas de retomada das negociações sobre a Ucrânia têm ocorrido entre os atores centrais, EUA e Rússia, que, cada um a seu modo, são países verdadeiramente soberanos nas relações internacionais. O mesmo não se pode dizer da Europa, cuja liderança tem buscado dificultar o processo de paz", conclui o analista.
Por Sputnik Brasil
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