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Maduro rejeita 'paz dos escravos' e convoca venezuelanos a defender soberania

Presidente da Venezuela faz discurso patriótico em Caracas e critica ações dos EUA na região do Caribe

Sputinik Brasil 02/12/2025
Maduro rejeita 'paz dos escravos' e convoca venezuelanos a defender soberania
Foto: © telegram SputnikBrasil / Acessar o banco de imagens

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, reafirmou neste domingo (30) o compromisso de seu governo com a soberania nacional, durante uma manifestação que reuniu milhares de apoiadores em Caracas. O ato ocorreu em meio à crescente tensão com os Estados Unidos, que intensificaram operações militares no Caribe.

Segundo o jornal O Globo, Maduro declarou nesta segunda-feira (1º) que rejeita "a paz dos escravos" e destacou que o envio de tropas americanas à região, há 22 semanas, representa um teste para o país.

Vestidos com camisetas vermelhas e portando bandeiras nacionais, militantes marcharam ao lado do líder chavista, que discursou na véspera da reunião do presidente americano Donald Trump com o Conselho de Segurança Nacional dos EUA para tratar da situação venezuelana.

"Nascemos para vencer e não para sermos vencidos! Queremos a paz, mas uma paz com soberania, igualdade, liberdade! Não queremos a paz dos escravos, nem a paz das colônias!", afirmou Maduro durante o evento.

O presidente venezuelano, conhecido por suas frequentes aparições na TV estatal, estava afastado dos holofotes desde quarta-feira, quando publicou um vídeo em seu canal no Telegram. O retorno público neste domingo (30) colocou fim a rumores sobre uma possível saída do país diante do aumento das tensões.

Donald Trump confirmou ter mantido uma conversa telefônica com Maduro, mas não revelou detalhes nem fez avaliações sobre o teor da ligação.

No dia 29 de novembro, Maduro enviou uma carta à Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) acusando os Estados Unidos de promover "ameaças constantes e explícitas" e de tentar tomar as reservas de petróleo venezuelanas "à força".

Embora o governo norte-americano afirme que o reforço militar na região tem como objetivo combater o narcotráfico, Maduro acredita que as ações visam desestabilizá-lo e controlar os vastos recursos petrolíferos do país.

O ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil Pinto, divulgou no Telegram uma carta assinada por Maduro, reiterando que o país permanecerá "firme na defesa de seus recursos naturais".

Além disso, o presidente da Assembleia Nacional, Jorge Rodríguez, acusou os EUA de "assassinato" após Caracas reconhecer, pela primeira vez, que cidadãos venezuelanos estavam entre os mortos nos ataques americanos a embarcações suspeitas de tráfico de drogas desde setembro.

Rodríguez afirmou ainda que, como não há guerra entre os dois países, tais mortes configuram assassinatos. Ele se reuniu com familiares das vítimas e anunciou a criação de uma comissão especial no parlamento para investigar os casos.

Desde setembro, tropas americanas realizaram pelo menos 21 ataques contra supostos barcos de narcotráfico no Caribe e no Pacífico, resultando em pelo menos 83 mortes.