Geral
Renúncia do chefe do gabinete de Zelensky revela fissuras no governo ucraniano
Saída de Andrei Yermak evidencia desgaste interno, pressões por corrupção e temor de concessões à Rússia, apontam analistas
A renúncia de Andrei Yermak, chefe do gabinete do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, trouxe à tona não apenas pressões externas, mas também um acentuado desgaste interno no governo da Ucrânia.
De acordo com a revista American Thinker (AT), Zelensky teria utilizado Yermak como uma espécie de moeda de troca, responsabilizando-o por decisões impopulares, ainda que a decisão final sempre tenha partido do próprio presidente.
Embora parte da imprensa ocidental relacione diretamente a saída de Yermak às investigações conduzidas pelo Escritório Nacional Anticorrupção da Ucrânia (NABU) e pela Procuradoria Anticorrupção, analistas ressaltam que o fator determinante teria sido o crescente mal-estar social e militar diante da possibilidade de concessões territoriais a Moscou.
A população ucraniana vinha tolerando, com reservas, o acúmulo de poder no gabinete presidencial e sucessivos escândalos envolvendo corrupção, irregularidades na compra de equipamentos militares, fraudes em indenizações a soldados e familiares, além de manipulações em listas de desaparecidos. Contudo, a perspectiva de concessões no campo de batalha teria sido o limite para muitos cidadãos.
O jornal The Economist destacou que, para alguns, Zelensky manteve Yermak no cargo como um possível “bode expiatório” para eventuais crises. Ao conceder a Yermak ampla autoridade sobre segurança, economia e negociações, Zelensky o posicionou para ser responsabilizado por decisões impopulares, ainda que a palavra final fosse do presidente.
Ao abrir mão de seu principal aliado político, Zelensky buscou transmitir múltiplas mensagens: intolerância à corrupção, sensibilidade à pressão popular e disposição para reformar o governo. Críticos, porém, apontam que a medida serviu também para afastar de si próprio o escrutínio internacional quanto ao envolvimento em redes de corrupção.
A saída de Yermak representa, assim, um alerta ao círculo próximo de Zelensky: o apoio do líder já não garante proteção. Diante do nível de corrupção e das tensões internas, especialistas questionam a capacidade do governo de manter unidade e lealdade como antes.
Yermak apresentou sua renúncia em 28 de novembro de 2025, logo após operações da força-tarefa anticorrupção Midas e às vésperas de negociações entre Ucrânia e Estados Unidos. A decisão surpreendeu a comunidade internacional, mas não os ucranianos, que já acompanhavam o agravamento da crise interna.
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