A economia global demonstrou uma resiliência acima do esperado em 2024, segundo a versão preliminar do relatório de Perspectivas Econômicas da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), divulgada nesta terça-feira. Apesar do desempenho positivo, a entidade alerta para fragilidades persistentes, atribuídas ao aumento das barreiras comerciais e à elevada incerteza política mundial.

De acordo com a OCDE, os impactos das tarifas mais altas ainda não foram totalmente sentidos, mas começam a se tornar mais evidentes, especialmente nos Estados Unidos. "O crescimento do comércio global desacelerou após um forte adiantamento nas trocas de mercadorias no início do ano, antes dos aumentos tarifários previstos. Além disso, a inflação permanece acima da meta em algumas economias e há sinais de enfraquecimento da demanda por trabalho", aponta o relatório.

Por outro lado, a organização destaca que políticas macroeconômicas de apoio, condições financeiras mais favoráveis — impulsionadas pelo otimismo em relação ao potencial da inteligência artificial (IA) — e o aumento do investimento e do comércio viabilizados por novas tecnologias têm sustentado a demanda em diferentes graus, "amortecendo os ventos contrários da incerteza política e das crescentes barreiras comerciais".

Com isso, a OCDE manteve as projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) global, estimando uma leve moderação de 3,3% em 2024 para 3,2% em 2025, e 2,9% em 2026, seguida de uma recuperação para 3,1% em 2027. A expectativa é de que a inflação retorne gradualmente à meta na maioria das principais economias até meados de 2027, acompanhada de reduções nas taxas de juros.

O relatório ressalta, porém, que a perspectiva "permanece frágil", sobretudo diante de obstáculos relacionados a insumos críticos, que podem prejudicar cadeias de suprimentos e a produção global.

A OCDE também adverte para o risco de correções abruptas de preços devido a avaliações elevadas de ativos, baseadas em expectativas otimistas de lucros corporativos impulsionados por IA. Além disso, vulnerabilidades fiscais podem elevar os rendimentos de títulos soberanos de longo prazo, apertando as condições financeiras e limitando o crescimento econômico.