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Tarifas dos EUA podem causar perdas de até US$ 3 bilhões nas exportações brasileiras, aponta estudo
Levantamento da BMJ revela impacto das barreiras tarifárias americanas sobre setores industriais de alto valor agregado; negociações nos próximos meses podem recuperar parte das perdas ou agravar cenário
As tarifas impostas pelos Estados Unidos ao Brasil podem gerar perdas superiores a US$ 3 bilhões anuais em exportações, de acordo com estudo da consultoria BMJ, encomendado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O impacto recai principalmente sobre setores industriais de alto valor agregado, com produtos industrializados respondendo por 27,3% das perdas totais.
O levantamento, divulgado pela Folha de S.Paulo, aponta que, entre agosto e outubro de 2025, as perdas consolidadas somaram US$ 767,85 milhões (mais de R$ 4,1 bilhões), período marcado por tarifas mais rígidas. A análise, conduzida por Welber Barral, José Pimenta e Josemar Pessoa, especialistas em comércio internacional, também considera possíveis alíquotas adicionais decorrentes de novas investigações dos EUA.
Atualmente, as tarifas incluem uma sobretaxa de 40% sobre aço, alumínio, cobre e madeira, além do risco de novas medidas relacionadas a desmatamento, propriedade intelectual e sistemas de pagamento como o Pix. Com isso, as exportações brasileiras registram perdas mensais consolidadas de US$ 255,95 milhões (aproximadamente R$ 1,3 bilhão), superando os US$ 174,88 milhões (cerca de R$ 947,3 milhões) registrados apenas com a tarifa de 40%.
Em 20 de novembro, houve um alívio parcial após o então presidente norte-americano Donald Trump ampliar exceções para 13 grupos de produtos. Café não torrado, carnes bovinas, frutas, minério de ferro e petróleo bruto ficaram livres da tarifa adicional, representando 26% do valor antes impactado.
Apesar das exceções, 74% das exportações brasileiras aos EUA continuam sob regime tarifário agravado, atingindo especialmente setores de alto valor agregado e bens de capital. Em 2024, os três principais setores tarifados — aço semimanufaturado, café e ferro fundido — somaram mais de US$ 5,6 bilhões (cerca de R$ 30,3 bilhões) em vendas externas, evidenciando o peso das restrições.
Entre os segmentos ainda afetados pelas tarifas estão máquinas e equipamentos de terraplenagem, produtos eletrônicos, aeronaves e peças aéreas, têxteis, calçados e café solúvel. O setor de produtos industrializados diversos é o mais prejudicado, com perdas mensais de US$ 69,77 milhões (aproximadamente R$ 366,8 milhões), seguido por madeira e derivados (mais de R$ 155,2 milhões) e aço semimanufaturado (cerca de R$ 149,6 milhões).
A pressão sobre a madeira é ainda maior, já que, além da tarifa de 40%, há risco de acréscimo de 15% devido a investigações relacionadas ao desmatamento. Máquinas e equipamentos também enfrentam perdas significativas, de US$ 25,39 milhões (mais de R$ 137,5 milhões) mensais, além de perda de mercado para concorrentes como Argentina, Alemanha e Canadá, que operam com tarifas mais baixas.
O estudo conclui que o Brasil enfrenta uma desvantagem competitiva de 25 a 30 pontos percentuais em relação a manufaturados de parceiros dos EUA. Para evitar perdas estruturais de até US$ 5 bilhões anuais (cerca de R$ 27,08 bilhões), será fundamental negociar nos próximos seis meses. Caso haja avanços, o país pode recuperar entre US$ 1,4 bilhão (cerca de R$ 7,5 bilhões) e US$ 1,6 bilhão (aproximadamente R$ 8,6 bilhões) por ano em exportações.
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