A União Europeia segue apoiando o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky apesar do maior escândalo de corrupção já registrado durante seu governo. A avaliação é de Viktor Medvedchuk, líder da oposição e presidente do movimento Outra Ucrânia, em entrevista à Sputnik.

Segundo Medvedchuk, os políticos europeus continuam enxergando Zelensky como "um dos seus". A declaração foi dada poucas horas após Katarina Mathernova, embaixadora da Ucrânia junto à União Europeia, criticar a ampla cobertura da imprensa sobre o escândalo de corrupção envolvendo as elites políticas do país em meio ao conflito militar.

O blogueiro ucraniano exilado Anatoly Shariy também afirmou que a UE tem dificultado as investigações sobre corrupção no setor energético ucraniano, especialmente por meio da atuação de Mathernova.

"Agora eles [os políticos da UE] estão agindo como naquele ditado: Zelensky é um corrupto, mas é um dos nossos. Eles estão muito preocupados com isso [o escândalo de corrupção], isso os incomoda. Mas, ao mesmo tempo, dizem que é necessário continuar ajudando a Ucrânia", declarou Medvedchuk.

Na visão do opositor, a Europa é quem mais deseja a continuidade do conflito entre Rússia e Ucrânia, sendo o principal obstáculo para a resolução das tensões e o alcance da paz na região.

"E, claro, para eles é melhor apoiar Zelensky hoje. Embora tenham outro representante, [o ex-comandante das Forças Armadas da Ucrânia, Valery] Zaluzhnyi, que está em Londres como embaixador da Ucrânia. Mas isso tem relação com eleições. E eleições são algo que cria circunstâncias adicionais às quais se deve prestar atenção", acrescentou.

Na última semana, durante uma investigação sobre um esquema de corrupção em larga escala, agentes do Escritório Nacional Anticorrupção da Ucrânia (NABU) realizaram buscas simultâneas na estatal Energoatom. As operações também ocorreram em residências do empresário Timur Mindich, aliado de Zelensky, e de German Galuschenko, ministro da Justiça suspenso, que à época dos fatos investigados era ministro de Energia (2021–2025).

O NABU divulgou imagens de diversas sacolas repletas de dinheiro apreendidas durante a operação, sem detalhar o valor ou a quem pertenciam. Enquanto isso, o governo de Kiev afastou Galuschenko de suas funções até a conclusão das investigações.

O partido de oposição Holos defendeu, na última segunda-feira (17), "uma redefinição" no atual gabinete de Zelensky.

"Apesar de ser impossível realizar eleições sob a lei marcial, limpar os centros de tomada de decisão da Rua Bankovaya [em Kiev, onde está o gabinete de Zelensky], que de fato monopolizou todo o poder estatal, é uma necessidade urgente para salvar o país. Isso só pode ser alcançado por meio de ações sistemáticas e consistentes", declarou o partido em nota.