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15 anos de Circuito: O festival que reacende o cinema em Penedo

Evento une tradição, formação, diversidade e o trabalho coletivo de quem faz o audiovisual brasileiro

Sinara Beserra - Estagiária de jornalismo 17/11/2025
15 anos de Circuito: O festival que reacende o cinema em Penedo
- Foto: Adriano Arantos/ Kamylla Feitosa/ Bruno Vieira/ Ana Araújo

O Circuito Penedo de Cinema encerra sua 15ª edição após uma semana em que a cidade se transformou em um grande palco de celebração do audiovisual brasileiro. Entre rodas de conversas, exposições, oficinas e outras vivências, o evento reafirmou a força da produção cultural nacional. E, por trás de cada sessão e cada aplauso, havia o trabalho silencioso de muitas mãos, porque, assim como o cinema, o Circuito só existe como obra coletiva.

Hoje conhecido e desejado por quem faz cinema, o evento se consolida como um importante divulgador cultural, tanto para o público nacional quanto para os moradores de Penedo. Com a recuperação dos dois cinemas de rua e o reconhecimento da Unesco como Cidade Criativa em Audiovisual, produtores passam a vislumbrar passos mais ousados: a criação de um curso de cinema e a transformação da cidade em um polo de produção da Sétima Arte.

15 anos de Circuito

Com cerca de cem pessoas envolvidas, entre monitores, convidados e organizadores, as ruas históricas de Penedo se tornaram cenário de momentos inesquecíveis. O sucesso de mais uma edição também se deve às parcerias firmadas com apoiadores, realizadores e patrocinadores.

A programação reuniu diversos festivais: 18º Festival Brasileiro de Cinema; 15º Festival de Cinema Universitário de Alagoas; 12º Festival Velho Chico de Cinema Ambiental; e 15º Mostra de Cinema Infantil. Também integrou as exibições da 3ª Mostra Internacional Socioambiental, da Quarta Macabra, da Mostra de Animação Infanto-juvenil e dos Longas-Metragens Nacionais.

Nesta edição, o Circuito, por meio de seus apoiadores, entregou dois importantes incentivos: o Prêmio Cardume, que concede um contrato de licenciamento exclusivo de R$ 3 mil para exibição do curta vencedor; e o Prêmio Mistika e DOT, que cada empresa oferece R$ 10 mil em serviços de pós-produção ao destaque do Festival Velho Chico de Cinema Ambiental. São investimentos diretos no futuro do audiovisual brasileiro. E mais um outro prêmio, oferecido também pela Mística, patrocinadora do evento, ao vencedor da mostra universitária com R$ 5 mil em serviços de pós-produção.

A diversidade da programação estimula novos criadores e fortalece a continuidade desse trabalho artístico-cultural. Além do impacto em termos de conhecimento, arte e cultura, o Circuito movimenta a feira livre, atrai atrações artísticas e gera fluxo para a economia local.

Organização que transforma

Para receber tantos convidados e participantes, o evento depende da atuação rigorosa da equipe de Secretaria. Como explica a coordenadora Maria Rita de Cássia, lá se concentram as tarefas administrativas: alimentação, entrega de camisas e crachás, recepção dos convidados e o trabalho pré e pós-evento.

“A Secretaria é a porta de entrada do Circuito”, afirma Rita. O trabalho começa meses antes, com o lançamento dos editais, contato com os convidados e preparação das equipes de coordenadores e monitores. Sobre a motivação, Rita destaca a projeção do cinema brasileiro e o envolvimento da comunidade local. “Há 15 anos estamos aqui. Não fazemos o evento apenas para quem vem de fora, mas para quem está em casa também”, finaliza.

     

Responsável pelos monitores e pelo cerimonial, o produtor cultural Gleydson Monteiro reforça o caráter plural do evento, “o Circuito dá oportunidade. Promove mostras infantis, universitárias e integra produtores, diretores, atores consagrados e artistas iniciantes”.

Para ele, a troca de experiências torna o evento único, ainda mais em uma cidade histórica. “Penedo é tombada pela Unesco, o que torna tudo ainda mais mágico às margens do Rio São Francisco. Foi gratificante voltar como produtor cultural”, diz. Segundo Gleydson, o sucesso da edição é resultado direto da união das equipes: “O maior aprendizado é que tudo se resolve quando há integração. Produtores e monitores se ajudam o tempo todo”, finaliza.

É um desafio que vale a pena

A coordenadora de Logística de Transporte, Natasha Sandes, ressalta a importância do planejamento em um evento desse porte. “A logística envolve planejar e gerenciar todo o serviço até o consumidor final. Minha equipe cuida da compra de passagens aéreas, transporte estadual e interestadual, deslocamento interno e das diárias dos colaboradores”, explica.

     

Nesta edição, a logística contou com a frota da Universidade Federal de Alagoas, dos campi Arapiraca, Sertão, Maceió e das unidades de Penedo, Palmeira dos Índios, Ceca e Viçosa, além de um veículo da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba).

O planejamento começa em março, quando o projeto é lançado no sistema para garantir os recursos necessários. A partir da seleção dos filmes, a equipe recebe a lista de convidados e realizadores enviada pela Coordenação Geral e inicia a organização de transportes e hospedagens.

Natasha explica que os desafios são muitos, como alinhar agendas de convidados, atores e diretores, e lidar com recursos inferiores aos solicitados inicialmente. Ainda assim, o Circuito se consolida como um evento acolhedor e de resgate ao cinema na cidade. “Por ser realizado em uma cidade pequena onde as pessoas podem estar próximas dos convidados, de grandes diretores do cinema nacional, atores conceituados e de convidados em geral”, conclui.

Evento da memória

O Circuito também faz parte da memória afetiva de Penedo. É o que afirma Sérgio Onofre, coordenador-geral do evento, responsável por transformar ideias em mais uma edição. Ele relembra o período em que o festival foi interrompido, quando os cinemas de rua fecharam e a cidade perdeu parte de sua vida cultural.

A retomada só foi possível graças à insistência de uma equipe que acreditou no potencial do festival. “Hoje estamos bem posicionados no cenário nacional. A mídia especializada coloca Penedo entre os cinco festivais mais desejados do Brasil. Quem ainda não veio, já ouviu falar e quer conhecer Penedo. Isso pra gente é muito gratificante”, afirma Sérgio.

Para ele, é uma conjunção de elementos que torna o festival especial, “Penedo é uma cidade única. Seu patrimônio colonial, aliado à arquitetura modernista, já é um atrativo turístico. Somado à beleza do Rio São Francisco, cria um cenário incomparável”.

Sérgio lembra que a história do cinema em Penedo é antiga: “Se o Festival do Cinema Brasileiro não tivesse sido interrompido, hoje celebraríamos 50 anos de edições. Estamos celebrando muita coisa”.

Ele conclui reforçando que a própria cidade contribui para a experiência, “buscamos trazer o melhor do cinema nacional e convidar o público a debater. Quando juntamos isso a uma cidade tão acolhedora e bonita, o resultado só pode ser especial”.

Sobre o Circuito

A 15ª edição do Circuito Penedo de Cinema acontece entre os dias 10 e 16 de novembro. O evento é promovido pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), pelo Governo de Alagoas, por meio da Secretaria de Estado da Cultura e Economia Criativa (Secult-AL), e pelo Instituto de Estudos Culturais, Políticos e Sociais do Homem Contemporâneo (IECPS). Conta ainda com o patrocínio da Prefeitura de Penedo, do Sebrae e do IMA. E apoio da Mistika, DOT, Fórum dos Festivais, Cardume, Fredyart, Super Connect e da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).

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