Geral
Taxas de juros futuras sobem com aversão ao risco no exterior
Dólar em alta e incertezas nos EUA impulsionam curva de juros no Brasil, enquanto indicadores locais ficam em segundo plano
As taxas de juros futuros registraram alta consistente nesta segunda-feira (17), acompanhando o avanço do dólar frente a diversas moedas estrangeiras. O movimento se intensificou a partir do início da tarde, especialmente nos contratos intermediários, após a moeda americana atingir a faixa de R$ 5,32 por volta das 15h30.
De acordo com agentes do mercado, o aumento da aversão ao risco no cenário internacional foi determinante para a piora dos DIs. Investidores demonstram cautela diante da divulgação de indicadores econômicos dos Estados Unidos, que haviam sido adiados pelo shutdown do governo, com destaque para o payroll de setembro, previsto para esta quinta-feira. O principal relatório de emprego americano poderá influenciar a decisão do Federal Reserve (Fed) em dezembro, já que o mercado vem reduzindo as apostas de corte de juros nos EUA.
Com foco nas incertezas geradas pelo fim da paralisação do governo americano e a retomada das divulgações econômicas, dados locais, como a retração maior que o esperado da atividade em setembro e o boletim Focus, perderam relevância no pregão.
Ao fim do dia, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 subiu de 13,614% no ajuste de sexta-feira para máxima intradia de 13,665%. O DI para janeiro de 2029 avançou de 12,826% para 12,92%. Já o DI para janeiro de 2031 fechou em 13,24%, ante 13,167% no ajuste anterior.
No mesmo período, o rendimento da T-Note de dois anos dos EUA subia para 3,606%, refletindo a menor expectativa de flexibilização adicional da política monetária americana na última reunião do ano. Segundo ferramenta do CME Group, a probabilidade de corte de juros em dezembro caiu para menos de 40%, ante 62,4% há uma semana.
Gean Lima, gestor de portfólio da Connex Capital, destacou que o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), que caiu 0,24% entre agosto e setembro, poderia ser um indicativo favorável ao início do ciclo de cortes da Selic. A mediana das projeções apontava recuo de 0,1% para a proxy mensal do PIB no período.
No entanto, o resultado, que reforçou a percepção de desaceleração da economia, acabou ofuscado pela expectativa em torno dos dados americanos. Além do payroll, que será divulgado em feriado no Brasil, Lima ressalta que a ata da última reunião do Fed será conhecida nesta quarta-feira.
"Nela, teremos mais clareza sobre a divisão entre os membros do Fed. Na quinta, com o payroll, o mercado brasileiro estará fechado e, no próximo dia 26, teremos o PCE, índice de preços para despesas com consumo pessoal", explica Lima. "Essa agenda de dados nos EUA aumentou a cautela, pressionando o dólar e os DIs. Sem esses fatores externos, o DI poderia ter recuado hoje com o IBC-Br", avalia.
Após o resultado do IBC-Br de setembro, o UBS BB manteve a projeção de retração de 0,2% do PIB brasileiro entre o segundo e o terceiro trimestres, já descontados os efeitos sazonais. Para o segundo semestre, a expectativa é de crescimento próximo de zero, enquanto as previsões apontam expansão de 1,8% em 2025 e 1,5% em 2026.
O boletim Focus, por sua vez, não alterou as expectativas de longo prazo para a inflação, mantendo-se sem efeito sobre a curva de juros futuros. A projeção para o IPCA em 2025 ficou pela primeira vez dentro da banda da meta, ao recuar para 4,46%, ante 4,55% na semana anterior. As estimativas para 2026 (4,20%), 2027 (3,80%) e 2028 (3,50%) foram mantidas.
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