Geral

Médica presa por matar ex-marido afirma na DHPP que agiu “com medo de morrer; ouça áudio

Redação 17/11/2025
Médica presa por matar ex-marido afirma na DHPP que agiu “com medo de morrer; ouça áudio
Nadja explica como cometeu o crime no Povoado Capim, em Arapiraca - Foto: Reprodução

A médica Nadja Tamires, presa poucas horas após matar o ex-marido, o também médico Alain Cavalcante, em Arapiraca, falou em detalhes sobre suas motivações durante uma entrevista concedida já detida, dentro da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), em Maceió.

A suspeita, visivelmente abalada, reafirmou que vivia há um ano e meio uma batalha judicial relacionada à denúncia de estupro de vulnerável contra a filha do casal, então com dois anos. A Tribuna resgata, nesta matéria, a íntegra da fala dada na delegacia ao Alagoas Agora, em que ela descreve, pela primeira vez, como executou o homicídio.

A MOTIVAÇÃO SEGUNDO NADJA

Questionada pelo repórter Eduardo do Agora Alagoas sobre como tudo teria começado, Nadja relatou: “Há mais ou menos um ano e meio atrás, eu fiz uma denúncia sobre o abuso de vulnerável que a minha filha sofreu. Eu fui casada há 22 anos com essa mesma pessoa, desde os meus 15 anos de idade. Quando eu flagrei e a escola percebeu, as funcionárias da casa perceberam, eu vi que a minha filha estava pedindo socorro e tomei coragem de fazer a denúncia.”

Ela disse que, dentro da própria família, encontrou resistência:

“A minha sogra disse que eu não era para confiar nele, mas para colocar ordem na casa, e dizer que ‘não pode’. Minha mãe disse que estupra somente com pênis. Em 2025, a gente sabe que isso não é a realidade mais. Então eu tomei coragem e fiz a denúncia.

Pedi medida protetiva, e ela foi concedida.”

NADJA DESCREVE COMO MATOU O EX-MARIDO

A acusada descreveu como matou o marido, na mesma entrevista, ainda dentro da DHPP:

“Então, eu fiquei com muito medo dele, eu achei que ele tinha feito ali uma emboscada pra mim. Aí eu desci do carro, antes dele me matar. Infelizmente eu atirei nele. Eu não sei quantos tiros foram. Eu simplesmente fechei os olhos, olhei na direção onde ele estava, vi que ele fez um movimento brusco e atirei, porque eu fiquei com medo de morrer.”

Ela afirma que acreditava estar sendo seguida:

“Na hora que eu passasse com o carro ele ia atirar em mim, eu não sei.

Eu estava com a medida protetiva. Ele não podia chegar perto de mim, 300 metros.

O que ele estava fazendo na esquina da minha casa, sabendo que ali é o meu trajeto?”

Segundo Nadja, o comportamento do ex-marido a deixou aterrorizada:

“O fato de ele estar atrás da árvore, na frente do posto de saúde… eu fiquei totalmente acuada e com medo dele. Eu achei que ele estava ali fazendo emboscada pra mim, então eu me defendi.”

Ao final, o repórter pergunta o motivo de ela ter se deslocado para Maceió após o crime. Nadja responde:

“Minha advogada não estava em Arapiraca. Eu preferi vir pra Maceió para não ser linchada pela população. Eu estava vindo me apresentar aqui na DHPP quando fui interceptada pela Rotam.”

O QUE A POLÍCIA DIZ ATÉ O MOMENTO

A Polícia Civil deverá colher novo depoimento formal de Nadja, agora assistida por advogados. A investigação vai esclarecer a dinâmica do crime, a arma utilizada, se houve premeditação, ou reação, percurso até a DHPP, histórico de medidas protetivas, eventual ligação com o processo anterior.

Até o momento, não há confirmação oficial sobre o suposto “encontro inesperado” entre o casal, citado por Nadja.

Audios

Entrevista de Nadja Tamires após a prisão.mp3