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Relação entre Hugo Motta e Davi Alcolumbre se abala após rejeição da PEC da Blindagem

Rejeição da proposta pelo Senado acirra disputa entre as Casas e expõe fragilidade do Legislativo diante de outros Poderes

Sputinik Brasil 17/11/2025
Relação entre Hugo Motta e Davi Alcolumbre se abala após rejeição da PEC da Blindagem
Foto: © Foto / Marina Ramos/Câmara dos Deputados

A rejeição da PEC da Blindagem pelo Senado provocou um abalo significativo na relação entre Hugo Motta e Davi Alcolumbre, antes aliados de primeira hora. O impasse trava pautas entre Câmara e Senado e evidencia a fragilidade do Congresso diante de outros Poderes, em meio a novos embates políticos.

Após a aprovação da PEC na Câmara, a rejeição pelo Senado marcou o início de uma fase de distanciamento entre os presidentes Hugo Motta (Republicanos) e Davi Alcolumbre (União Brasil). Eleitos juntos em fevereiro, os dois passaram a atuar de maneira menos coordenada, o que já dificulta o andamento de propostas legislativas.

Segundo apuração da Folha de S.Paulo, apesar de não haver rompimento formal, a parceria política deixou de ser previamente alinhada. Parlamentares avaliam que a falta de sintonia tem travado pautas entre as Casas e pode enfraquecer o Legislativo na disputa com outros Poderes. Líderes do centrão alertam que a rixa interna fragiliza a posição do Parlamento.

Na Câmara, a rejeição da PEC ainda gera ressentimento. Deputados cogitam retaliar o Senado, dificultando projetos de interesse dos senadores ou rejeitando alterações feitas por eles em propostas que retornem à Câmara, como na segunda etapa da reforma tributária. O desgaste também afetou a imagem de Motta, criticado tanto pela opinião pública quanto por sua base aliada.

No Senado, há incômodo com mudanças regimentais promovidas por Arthur Lira (Progressistas-AL), que priorizaram projetos de deputados em detrimento dos senadores. Essa alteração, aparentemente processual, impacta diretamente na definição de qual Casa tem a palavra final sobre o teor das leis antes da sanção presidencial.

Os embates têm se multiplicado. Projetos como o do mercado de carbono e a regulamentação do streaming, ambos aprovados pelo Senado, foram deixados de lado pela Câmara. Outro exemplo citado pela Folha é a gratuidade da mala de mão nos voos nacionais, tema em que cada Casa aprovou uma proposta própria, ambas aguardando deliberação da outra.

O cenário atual contrasta com o início da gestão, quando Motta e Alcolumbre atuaram em sintonia para destravar emendas parlamentares, esvaziar medidas provisórias do governo e até participaram juntos de eventos. Motta chegou a atender demandas do Senado, como a retomada das comissões mistas para análise de Medidas Provisórias (MPs), reduzindo o poder da Câmara.

A relação esfriou após a derrubada da PEC da Blindagem, considerada traição por deputados. Motta havia prometido acordo com o Senado, mas a proposta foi rejeitada em meio a protestos populares. Desde então, cada Casa passou a seguir sua própria agenda, e novos embates surgiram em projetos como o do combate à facção e na escolha de Renan Calheiros (MDB-AL) como relator da ampliação da isenção do Imposto de Renda, usada para atacar a Câmara e seu rival Arthur Lira.