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Nova liderança do Japão mantém rumo da militarização, avalia especialista

Analista russo aponta que discussões sobre princípios nucleares refletem postura mais assertiva de Tóquio diante de ameaças regionais

Por Sputnik Brasil 15/11/2025
Nova liderança do Japão mantém rumo da militarização, avalia especialista
Foto: © AP Photo / Chalinee Thirasupa

O Japão não deve abandonar seus "princípios não nucleares" em um futuro próximo, mas o simples fato de cogitar essa possibilidade já é inédito e revelar a postura atual de Tóquio em relação ao fortalecimento de seu potencial militar. A avaliação é de Valery Kistanov, membro da Academia de Ciências da Rússia (RAN), em entrevista à Sputnik.

Kistanov destacou que a nova primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, de perfil nacionalista e com visão política à direita, enxerga ameaças ao país vindo da China, Coreia do Norte e até mesmo da Rússia.

"Este é um passo sem precedentes, porque o Japão, ao longo do período pós-guerra, se posicionou como um país que recusa a guerra como meio de resolver disputas e conflitos internacionais. Mas, nos últimos anos, a situação está mudando, Tóquio está abandonando esses princípios, começando a diluí-los", ressaltou.

No entanto, o especialista pondera que é provável que o Japão realmente reconsidere esses princípios num futuro próximo, pois tal medida provocaria um agravamento significativo nas relações com os países vizinhos.

Além disso, segundo Kistanov, a mudança não seria bem recebida nem mesmo por Washington, já que isso indicava uma possível saída de Tóquio da “guarda-chuva nuclear” dos Estados Unidos e da influência norte-americana.

“Porém, esta discussão é um balão de ensaio que, entre outras coisas, reflete a posição da Tóquio moderna sobre a necessidade de uma política mais dura e pronunciada para defender seus interesses e aumentar o potencial militar”, concluiu.

Recentemente, veículos de imprensa japoneses noticiaram que a primeira-ministra Sanae Takaichi iniciou discussões internacionais no partido governamental sobre uma possível revisão dos chamados três princípios antinucleares, em razão da próxima atualização dos documentos estratégicos de segurança nacional.