A 3ª Mostra Internacional Socioambiental integrou, na tarde desta quinta-feira (14), a programação do Circuito Penedo de Cinema com a exibição de cinco curtas-metragens latino-americanos que lançam luz sobre problemáticas socioambientais comuns a diversos países da região. A sessão, realizada no Centro de Convenções, reuniu estudantes da rede pública, moradores, turistas e representantes do audiovisual para uma experiência de reflexão sobre território, ancestralidade, direitos humanos e escassez de recursos naturais.

Com curadoria da produtora audiovisual chilena Caroline Pavez Torrealba, de ascendência mapuche, a mostra destacou produções do Chile, Bolívia e México. Fundadora da Karukinka Films e curadora do Festival Internacional de Cine Polo Sur Latinoamericano, Caroline constrói pontes entre os territórios do sul global e o cinema como ferramenta de memória e resistência.

Foram exibidos ‘Sim, o Rio So’ (Chile), de Marcela Bruna e Matías Riquelme, que apresenta a história de Isleña Antumalen, jovem cantora mapuche que usa a música como instrumento de luta em defesa das águas do Lago Ranco. Em ‘Água Para a Vida – A Luta do Ayllu San Agustin de Puñaca’ (Bolívia), o diretor Fernando Cola narra os impactos da mineração sobre a saúde e os recursos hídricos de comunidades indígenas da região de Oruro.

Do México, ‘Arbuelo’, de Mel Izanami, trata da reconexão entre gerações por meio de uma metáfora ecológica. Já ‘Contos de futebol, Amor e Covid’ (Chile), de Felipe Arredondo, aborda infância e coletividade durante a pandemia. Fechando a programação, ‘Todos comem pão’ (Chile) recupera, com delicadeza e força, memórias da ditadura militar chilena a partir da perspectiva de uma menina. A direção é de Constanza Gaymer, Nina Furka, Bruno Bello, Camila Morales e Francisca Sauma.

Presente à sessão representando a coordenação da Mostra, o curador argentino Eloy González destacou o poder do cinema como catalisador de consciência entre os povos latino-americanos.

“Há uma força que nos une como povos latino-americanos. Enfrentamos os mesmos ciclos de opressão, causados por interesses econômicos que colocam o lucro acima da vida. Hoje, vimos filmes que denunciam a contaminação das águas, a destruição de comunidades ancestrais e a supressão de direitos humanos. São temas que não respeitam fronteiras. O cinema tem o poder de revelar essas feridas e provocar o despertar, especialmente entre os mais jovens. Ao enxergar no outro a sua própria luta, o público brasileiro compreende que essas dores também são suas. E é a partir desse reconhecimento que nasce a resistência”, afirmou.

A exibição teve participação de estudantes de escolas da região, como a Escola Estadual Teotônio Ribeiro. Para a coordenadora Maria Gorete, a mostra contribui para aproximar os alunos de realidades que, embora retratadas em outros países, também afetam o cotidiano local.

“A mostra falou de uma crise hídrica vivida no Chile, mas que também nos toca aqui. O São Francisco está diminuindo, então nós devemos valorizar para não chegar na situação de ficar sem água de vez. Precisamos educar para preservar, porque sem água não há vida”, afirmou.

Sobre o Circuito

A 15ª edição do Circuito Penedo de Cinema acontece entre os dias 10 e 16 de novembro. O evento é promovido pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), pelo Governo de Alagoas, por meio da Secretaria de Estado da Cultura e Economia Criativa (Secult-AL), e pelo Instituto de Estudos Culturais, Políticos e Sociais do Homem Contemporâneo (IECPS). Conta ainda com o patrocínio da Prefeitura de Penedo, do Sebrae e do IMA. E apoio da Mistika, DOT, Fórum dos Festivais, Cardume, Fredyart, Super Connect e da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).

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