Geral

Pesquisadora descobre assinaturas ocultas em copos de vidro da Roma Antiga

Símbolos e inscrições revelam marcas coletivas de artesãos em taças de luxo esculpidas entre os séculos IV e VI

Sputnik Brasil 14/11/2025
Pesquisadora descobre assinaturas ocultas em copos de vidro da Roma Antiga
Foto: © Foto / Marcello Mogetta/Universidade do Missouri

Símbolos abstratos e inscrições de bons votos, antes vistos apenas como ornamentos, foram identificados em copos de vidro romanos, revelando marcas de autoria coletiva.

A historiadora da arte e sopradora de vidro Hallie Meredith, da Universidade Estadual de Washington (Estados Unidos), fez uma descoberta surpreendente ao analisar copos de vidro da Roma Antiga no Museu Metropolitano de Arte, em Nova York, em fevereiro de 2023. Ao simplesmente virar uma das peças — luxuosos objetos esculpidos entre os séculos IV e VI — ela percebeu padrões antes ignorados.

"Como sou treinada como artesã, eu queria virar tudo de cabeça para baixo. Quando faço isso, surgem padrões que todo mundo literalmente fotografou fora do enquadramento", relatou Meredith.

A partir dessa observação, a pesquisadora iniciou um estudo mais aprofundado e identificou símbolos recorrentes em diferentes recipientes, sugerindo tratar-se de marcas de oficinas e artesãos — uma espécie de assinatura coletiva da época.

"Não eram autógrafos pessoais. Eram o equivalente antigo de uma marca", explicou Meredith.

Segundo a pesquisadora, os delicados diatretas — copos formados por duas camadas conectadas por finas pontes de vidro — eram produzidos por equipes coordenadas de gravadores, polidores e aprendizes, e não por mestres solitários, como se pensava.

O trabalho de Meredith também desafia debates antigos sobre as técnicas de produção dessas peças, que normalmente se concentram em sopro, esculpimento ou moldagem. Para ela, compreender esses objetos exige reconhecer o papel coletivo dos artesãos envolvidos.

Esse universo dos artesãos romanos será tema de sua próxima monografia, "Os Artesãos Romanos da Antiguidade Tardia", prevista para 2026 ou 2027. Meredith também colabora com estudantes de ciência da computação na criação de um banco de dados para rastrear escritas não padronizadas — como erros ortográficos e alfabetos mistos — em milhares de objetos portáteis.