O clima esquentou em Belém durante a COP-30. O secretário executivo da UNFCCC, braço climático da Organização das Nações Unidas (ONU), Simon Stiell, enviou uma carta ao governo brasileiro na quarta-feira (12), cobrando melhorias na segurança e infraestrutura da Cúpula do Clima.

No documento, Stiell destacou o episódio de terça-feira (11), quando manifestantes invadiram a Zona Azul, área restrita a credenciados. Segundo o secretário, as forças de segurança brasileiras foram orientadas a não intervir, o que gerou preocupação. Ele também apontou falhas como a ausência de ar-condicionado e vazamentos de água em alguns pavilhões do evento. O teor da carta veio à tona nesta quinta-feira (13), levando o governo Lula a agir rapidamente para minimizar as críticas.

No campo econômico, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) anunciou iniciativas que somam US$ 6 bilhões (R$ 31,7 bilhões), conforme informou o presidente da instituição, Ilan Goldfajn.

ONU critica segurança e infraestrutura da COP-30

A carta da ONU, com três páginas, detalha as preocupações com a segurança e as condições das instalações em Belém. Stiell afirma que a orientação para não conter os manifestantes e os problemas estruturais na Zona Azul, onde ocorrem as principais negociações, colocam em risco a realização da conferência. A correspondência foi revelada pela Bloomberg e confirmada pelo Estadão, que também teve acesso ao documento.

Negociações tensas marcam a COP-30

Entre os temas centrais da conferência está a adaptação — políticas para mitigar os impactos das mudanças climáticas. As discussões sobre a Meta Global de Adaptação (GGA, na sigla em inglês) têm sido marcadas por impasses. Países árabes, africanos e latino-americanos divergem quanto aos indicadores e ao prazo para definir metas, em meio ao tradicional embate sobre financiamento entre países desenvolvidos e em desenvolvimento.

BID anuncia US$ 6 bilhões para financiamento climático

Durante a primeira semana da COP-30, o BID apresentou um pacote de US$ 6 bilhões em iniciativas voltadas à sustentabilidade. "Focamos em várias iniciativas e instrumentos. Só do que estamos fazendo, deu US$ 6 bilhões. Se cada um fizer os seus US$ 6 bilhões, te garanto que soma bastante", afirmou Ilan Goldfajn.

O maior projeto, a ser anunciado na sexta-feira (14), envolve US$ 3,4 bilhões para oferecer hedge cambial a empresas e investidores. Outro destaque é o programa Reinvestir+, que prevê a compra de projetos sustentáveis bem-sucedidos pelo BID, a adição de garantias e posterior venda a investidores institucionais. Dessa forma, bancos poderão liberar recursos para novos financiamentos "verdes", sendo obrigados a investir em sustentabilidade ao aderirem ao programa.

Brindes viram moeda de troca na COP-30

Na Blue Zone, área de negociações, países distribuem brindes como leques de Portugal, tiaras de panda da China e caligrafias turcas personalizadas. Esses itens, além de promoverem a cultura dos países, são usados como incentivo para participação em palestras e painéis do evento.

Ministro do Meio Ambiente da África do Sul é demitido durante a COP

Em meio à conferência, o ministro das Florestas, Pesca e Meio Ambiente da África do Sul, Dion George, foi demitido pelo presidente Cyril Ramaphosa. A decisão, anunciada sem justificativa, substituiu George por Willem Aucamp, do partido Aliança Democrática, que, segundo a imprensa sul-africana, teria solicitado a troca — o partido ocupa 12 ministérios no governo Ramaphosa.