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'É importante mostrar para o mundo que a gente preserva', afirma proprietário de fazenda no Marajó

Sputinik Brasil 20/10/2025
'É importante mostrar para o mundo que a gente preserva', afirma proprietário de fazenda no Marajó
Foto: © Sputnik Brasil / Guilherme Correia

Com pouco mais de 20 dias para o início da COP30, o produtor rural Daniel Araújo, proprietário da Fazenda Tere-Tauá, no Pará, afirma à Sputnik Brasil que o evento representa um momento histórico para a região amazônica e para o agronegócio local. "A COP30 trouxe os holofotes do mundo para a nossa região, para a Amazônia".

"É uma oportunidade que a gente está tendo de poder se comunicar com o mundo, de mostrar o que realmente a gente produz", disse ele, durante visita da reportagem à propriedade.

Com produção voltada à criação de búfalos em condições naturais, Araújo destaca que a fazenda busca unir tecnologia e sustentabilidade. "A gente procura juntar a tecnologia com a parte ambiental. Nós produzimos o nosso búfalo em campos naturais, em condições naturais na ilha do Marajó, trazemos ele para cá já na fase final, onde a gente faz o trabalho sanitário".

"E aí sim a gente aplica uma intervenção nessa produção, fornecendo alimentos ricos em energia e proteína", explicou. Segundo o produtor, essa combinação resulta em um "animal saboroso, um animal jovem", e atende às exigências de mercados externos que valorizam práticas sustentáveis.

Para ele, a COP30 é também uma chance de corrigir percepções distorcidas sobre o setor produtivo amazônico. "As notícias que correm falam sobre a não preservação, falam sobre a parte ruim, sobre possíveis desmatamentos e queimadas que não são ocasionados pelo produtor", afirmou. "É importante a gente mostrar para o mundo que a gente preserva, que cumpre os requisitos e cria dentro da legislação de forma eficiente."

"A população nossa aqui, os produtores, a população em geral, aqui do estado, estão muito felizes com a realização da COP aqui e é uma baita oportunidade pra gente".

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em levantamento antigo, há mais de 1,78 milhão de bubalinos no país, dos quais o Pará detinha aproximadamente 38%.

Relatório da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (FAPESPA) indica que o Pará lidera a criação de búfalos como uma das atividades agropecuárias "estratégicas". Em termos globais, o país que mais domina a produção desse tipo de rebanho é a Índia, com mais de 100 milhões de búfalos e aproximadamente 54% da produção mundial de carne de búfalo.

Vale ressaltar que, embora há produtores que cumprem a legislação e atuam de forma sustentável, existe uma fração cujo modelo produtivo está diretamente ligado à degradação do ambiente.

Dados mostram que parcela significativa da devastação ambiental está associada à expansão do agronegócio e à pecuária. Segundo o levantamento do MapBiomas, em 2023 quase 90% da área desmatada no Brasil estava concentrada em menos de 1% das propriedades rurais.

Outro estudo do órgão aponta que entre 2019 e 2024 o agronegócio foi responsável por mais de 97% da perda de vegetação nativa no país.