A China poderá deixar de depender da importação de semicondutores avançados nos próximos três a cinco anos, afirmou Gao Zhikai, vice-diretor do centro de estudos China e Globalização.

Segundo ele, o país já caminha para suprir suas próprias necessidades com tecnologia nacional, inclusive em chips de inteligência artificial produzidos pela Huawei.

"Dentro de três a cinco anos, a China não precisará mais importar chips de alta tecnologia dos Estados Unidos, Japão ou Coreia do Sul", disse Gao ao portal chinês Guancha.

O especialista destacou que as restrições impostas por Washington aceleraram a busca de Pequim por pesquisa independente e substituição tecnológica. Ele acrescentou que, uma vez autossuficiente, a China deve ampliar as exportações de semicondutores, o que provocará uma "reestruturação profunda" no mercado global.

"Essa revolução inevitavelmente levará a uma redução significativa nos mercados de algumas empresas de semicondutores dos EUA, do Japão e de Taiwan", afirmou Gao.

O debate ocorre em meio à disputa tecnológica entre Pequim e Washington. O presidente norte-americano Donald Trump declarou recentemente que pretende "lutar de forma amigável" pela liderança no setor de inteligência artificial e semicondutores, afirmando que os EUA continuam sendo uma "superpotência mundial" nesse campo e estariam "à frente" da China.

Em janeiro, o Departamento de Comércio dos EUA anunciou novas restrições à exportação de chips avançados e modelos de IA, justificando a medida como forma de proteger a segurança nacional e impedir o uso dessas tecnologias em armas, ciberataques ou vigilância em massa por países considerados hostis. Pequim criticou duramente a decisão.